Agatha Christie entre Os Vingadores e Indiana Jones

A britânica BBC prepara um regresso a duas personagens da autora de policiais, mas com uma linguagem bem mais actual.

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Os novos heróis de Agatha Christie: Tommy e Tuppence, eventuais sucessores de Hercule Poirot e Miss Marple DR

Hercule Poirot e Miss Marple são uma constante da televisão britânica há mais de 20 anos. As adaptações das histórias de crime e mistério destes dois protagonistas de Agatha Christie têm sido entretenimento familiar garantido, sem que os pais tenham de preocupar-se com grandes cenas de violência capazes de deixar perturbados os mais novos. Mas esta atmosfera de crime soft, altamente previsível, que sugere mais do que mostra, parece prestes a mudar.

Este mês, e segundo o diário britânico The Guardian, a BBC vai começar a exibir uma versão bem diferente das aventuras de dois “detectives” menos conhecidos da célebre autora de policiais, Tommy e Tuppence. O primeiro episódio, feito a partir do livro Partners in Crime (O Homem que Era No. 16, Livros do Brasil) e realizado por Edward Hall, terá nos papéis principais David Walliams e Jessica Raine (conhecemo-la como a Jenny Lee da série Chamem a Parteira) e tem sido apresentado como um cruzamento entre Os Vingadores (os da série da BBC da década de 1960 e não os heróis da Marvel) e Indiana Jones. É um thriller a sério, com violência realista e até espiões. Garante Walliams – o actor está por trás da ideia que levou a esta abordagem televisiva à obra de Agatha Christie – que chega mesmo a meter medo. Será? Ele explica: “Não queria um mundo de pastiche e é por isso que os maus são mesmo maus. E a pessoas são mesmo assassinadas.”

Para Mathew Prichard, neto da escritora e presidente do fundo que gere os direitos associados à sua obra, a nova série do primeiro canal da estação pública britânica cria uma oportunidade para que as novas gerações se deixem enredar pelos mistérios daquele que é um dos mais populares nomes do romance policial. E numa linguagem que lhes é familiar. “As pessoas esquecem-se que ela era uma escritora muito contemporânea, sempre a atrair novos leitores”, disse Mathew Prichard ao Guardian. Por isso, admite, os herdeiros estavam desejosos de que as adaptações voltassem a ser “joviais e divertidas”. Tuppence, recorda, é muito parecida com a autora: “A minha avó gostava muito dos dois […]. Eles aparecem no seu segundo livro e, 50 anos mais tarde, no último. [Regressava a ambos] quando sentia que precisava de descansar, de algo para a distrair.”

Ao que parece, a nova versão da BBC promete não dar descanso.

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