Cena de violação em palco causa polémica na Royal Opera House de Londres

Director defende a encenação e anunciou que espectadores passarão a ser alertados previamente da existência da cena.

Foto
Em defesa de Guilherme Tell, o director da Royal House Opera notou que existem "várias cenas violentas e chocantes na partitura de Rossini" DR

A prestigiada Royal Opera House em Londres defendeu quarta-feira a presença de uma cena de violação colectiva na sua nova produção, Guilherme Tell, de Rossini, que suscitou assobios na plateia e a indignação de certos críticos.

O Times qualificou a cena como “indesculpavelmente horrível” e saudou os assobios dos espectadores, que duraram mais de um minuto na estreia da ópera, segunda-feira à noite, obrigando a orquestra a parar momentaneamente de tocar. “Uma reacção excessiva? Não quando se vê 20 homens do coro a arrastarem uma mulher e a despirem-na antes de se apressarem a violá-la”, escreveu o crítico do jornal, que atribuiu uma única estrela à ópera.

O Guardian, por sua vez, descreveu a cena como “uma longa violação colectiva, lasciva e voyeurista”, que considera "completamente inútil", atribuindo duas estrelas à produção.

Para o Daily Telegraph, a cena que ocorre no terceiro acto da ópera dirigida pelo italiano Damiano Michieletto está "em flagrante contradição com o espírito da música".

O director da Royal Opera House, Kasper Holten, defendeu a encenação num comunicado, anunciando que o público passará a ser previamente alertado para a presença da cena polémica. "Esta produção inclui uma cena que mostra a realidade brutal de mulheres que são vítimas de abuso durante as guerras e da violência sexual que é um facto trágico da guerra", argumentou. "A produção queria fazer desse momento uma cena desconfortável, até porque há várias cenas violentas e chocantes na partitura de Rossini", acrescentou. "Não tencionamos mudar a encenação. No entanto, adoptámos medidas para avisar o público de que existem cenas de violência sexual e de nudez", disse.

Os assobios do público, especialmente nas estreias de novas produções, tornaram-se mais frequentes nos últimos anos, com o Times a assinalar pelo menos três casos na Royal Opera House no último ano.

Sugerir correcção
Comentar