Direitos humanos

Crianças que trabalham para sobreviver

Popy (8) recolhe lixo com a mãe e traz sempre a sua boneca consigo
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Popy (8) recolhe lixo com a mãe e traz sempre a sua boneca consigo

O fotógrafo bangladeshiano MD Shahnewaz Khan desenvolve, há quatro anos, o projecto "Fallen Stars", que se debruça sobre o tema do trabalho infantil no Bangladesh. O tópico é, para si, tudo menos uma novidade. "Tive contacto com o trabalho infantil desde muito cedo, em casa. As crianças da minha família trabalhavam. Brincava com crianças-trabalhadoras que eram da minha idade, familiares e amigos. Isso foi determinante para dar início ao projecto", admitiu Shahnewaz em entrevista ao P3, via email. O título "Fallen Stars" ("Estrelas Cadentes", tradução livre) é uma referência ao que considera "crianças desafortunadas". "Estão impedidas de usufruir dos seus direitos fundamentais. Se tivessem acesso à educação, seriam verdadeiras estrelas, como outras crianças, e não estrelas cadentes. Poderiam mostrar verdadeiro talento." O fotógrafo dedica-se, em exclusivo, a temas relacionados com os Direitos Humanos. Diz-se um apaixonado pelas pessoas, pelas suas histórias de vida, pela sua cultura e pela forma como cada um luta pela sobrevivência. "O trabalho infantil é muito comum no Bangladesh devido à pobreza e às dinâmicas familiares. Existem organizações não governamentais que tentam intervir, mas são muito poucas. São milhões as crianças que trabalham, demasiadas para tão poucas ONG. O Governo considera esta práctica ilegal, mas nada faz além disso. Do meu ponto de vista, não consigo ser contra o trabalho infantil, neste contexto, por um motivo simples: as crianças têm de comer e a família não consegue alimentá-las. Elas têm de sobreviver." No Bangladesh, não existe outra opção. MD Shahnewaz Kahn acompanhou diversas crianças em três contextos de trabalho distintos: uma aterro de resíduos domésticos, uma fábrica de tijolos e uma de alumínio. Segundo dados da UNICEF de Janeiro de 2014, 5,6 milhões de um total de 26 milhões de crianças do Bangladesh não frequentam a escola. Trabalham sem condições de segurança, estão vulneráveis a maus tratos, violência e malnutrição. "O Popy trabalha numa lixeira e ganha 25 dólares por mês, menos de um dólar por dia. O Shafik trabalha numa fábrica de tijolos. O seu pai aceitou receber 80 dólares por seis meses do seu trabalho, menos de meio dólar por dia. O Shakil, que está coberto de pó perigoso na fábrica de alumínio, ganha seis dólares por semana. Quase um dólar por dia. Poli trabalha numa casa como empregada doméstica e ganha 15 dólares, meio dólar por dia." O objectivo do fotógrafo é realizar trabalho fotográfico sobre o tema do trabalho infantil em zonas de guerra, nomeadamente no Afeganistão, no Iraque e na Palestina, em zonas onde vigoram sistemas totalitários e outros onde o fenómeno é especialmente predominante. "Quero reunir todo o trabalho infantil num único livro, retratando crianças trabalhadoras que vivem em diferentes partes do mundo. Quero trabalhar por todo o mundo, este é o meu objectivo a longo-prazo." Em paralelo, Shahnewaz desenvolve o projecto "Yeah I'm alive", que retrata as dificuldades por que passam as pessoas idosas que vivem sem qualquer apoio familiar. O autor viu o seu trabalho publicado recentemente na CNNAna Maia

Shafik (11) trabalha no topo de uma pilha de tijolos incandescente
Shafik e outras crianças carregam tijolos
Jamal recolhe plástico e metal no aterro de Chittagong
Menina trabalha todos os dias, todo o dia, numa aterro de resíduos
Shakil adormece sobre as suas ferramentas após trabalho na fábrica de alumínio
Shakil coberto de alumínio na fábrica onde trabalha. É uma substância perigosa
Retrato de rapaz de 10 anos que trabalha na fábrica de alumínio
Shafik é agredido pelo seu “mestre” por brincar em horário de trabalho
Shafik e outras crianças trabalhadoras vêem televisão numa pausa de trabalho
Crianças jogam cricket no campo de tijolos onde trabalham
Um grito mudo no aterro de Anandabazar
Rubel na fábrica de alumínio onde trabalha, em Chittagong
Liton na fábrica de alumínio em Chittagong
O quotidiano no campo de tijolos, em Chittagong
No campo de tijolos as refeições são à base de arroz e legumes
Menina trabalhadora no aterro de Anandabazar
Delwar recolhe plástico e metal no aterro de Anandabazar
Criança que recolhe plástico e metal no aterro de Anandabazar
Menina ferida durante uma explosão na lixeira em Anandabazar
Ridoy (9) na fábrica de alumínio, em Chittagong