Há uma franca diferença entre os corredores à séria e os aspirantes e os acessórios dizem tudo sobre isso.

Sempre que via um corredor todo equipado com meias até ao joelho, pensava eu que era uma moda. Moda essa que os diferenciava dos iniciados na corrida. Tudo bem, aceito que tem de haver diferença dos corredores de quatro horas e dos corredores de 400 metros. Não direi que sou uma "runner" mas também quis experimentar um dos acessórios mais cobiçados do momento - umas meias de compressão. 

Ganhei coragem e lá fui eu sem saber bem o que responder ao colaborador da loja, porque efectivamente eu sou mais corredora de 400 metros do que das quatro horas. Disse-me o rapaz que estas aumentam o fluxo sanguíneo e melhoram a oxigenação dos músculos, que estabilizam a parte inferior da perna para maior suporte muscular, que tem uma sola e palmilha alta para proteger e melhorar o conforto do pé, e toda uma série de benefícios comerciais como qualquer vendedor deve ter na ponta da língua. Convencida, como se com as meias passasse a correr as 4horas por mim, levei-as comigo. 

Dito e feito! É mesmo um descanso andar com as meias. Mesmo sem correr, já tinha os gémeos relaxados (estaria eu já cansada antes?). Curiosamente passei dos 6kms. Nas meias até nos diz qual é a da esquerda e direita e depois da corrida senti-me como nova. Pode até dificultar o bronze nos gémeos mas o descanso pós corrida é bem notório. 

 
Bolsa de telemóvel – todos os profissionais da corrida tem uma. Presa no braço, onde guardam o telemóvel que lhes diz tudo. Música, gps, diz quantos kms já fizeram e até deve ter ligação ao robô de cozinha para o jantar estar pronto quando acabar a corrida. É uma bolsa que quase posso comparar a uma pochete, tudo empacotado.  

Música e os fones certos – ao início o entusiasmo (ou obrigação) de correr é tanto que a música é um factor secundário. Quando começamos a ler e conhecer grupos de corrida, vemos que a música é uma excelente companhia. Aliás, se os que correm na marginal usam fones, algum motivo deve ser. Vamos lá então escolher uma playlist para levar na próxima corrida. 

Meias de compressão nas pernas, bolsinha do telemóvel no braço e música escolhida. Vamos a isso… Íamos se o acessório que nos faz ouvir música não fosse um pormenor tão importante como todos os outros. Nos primeiros 50metros caíram os fones dos ouvidos umas mil vezes e ao primeiro km acaba a bateria. Está certo. Quero acreditar que há mais pessoas como eu.

Relógios com GPS – Há mais um acessório que nos distingue dos runnódependentes. Aquele relógio gigante, que por suposto deve estar no braço oposto da bolsinha se não, não há braço que aguente. O relógio diz tudo. Por onde vai, por onde vem. Se sobe, se desce. Se faz mais ou menos que ontem. Enfim um relógio que vira rede social ali no momento, capaz até de provocar divórcios, se disser que correu onde não correu. 

Óculos de sol – Este é o acessório, que para mim é top atleta. Toda a gente tem óculos de sol que por ventura poderia usar se não saltitassem a cada impulso. Eu não comento moda, deixo isso para outros cronistas. Mas aqueles óculos são mesmo coladinhos ao rosto, capazes de impedirem a entrada de qualquer raio ultravioleta ou qualquer mosquito, se a velocidade for excessiva. 

No meio disto tudo, onde se colocam as chaves do carro?

geral@portugalemforma.com

Teresa Almeida  - Promotora de Saúde e Bem-Estar e Autora do projecto Portugal em Forma, incentivo à alimentação saudável, treino e Kid's.