A privatização (ou não) de um país

Faixas com a palavra “vendido” foram recentemente afixadas em edifícios, em Lisboa, contra os processos de privatização em curso pelo Governo.

“Vendido” é o particípio passado do verbo “vender”, que significa “ceder por uma determinada quantia”.

Assembleia da República, Centro Cultural de Belém, Terminal 2 do Aeroporto de Lisboa, estações do Metro, balcões de atendimento da Segurança Social e dos CTT e alguns bancos foram “vendidos” pelo movimento Agir (a que está ligado outro, “Eu não me vendo”). Segundo o seu dirigente, Nuno Ramos de Almeida, “o Governo vendeu tudo o que podia, por tuta e meia” e “prepara-se para entregar a Carris e o Metro, depois de vender a TAP por 10 milhões de euros”. O que preocupa os activistas é a “perda de soberania do Estado português” e a “venda ao desbarato das empresas públicas”.

Na quarta-feira, este era um dos títulos do PÚBLICO: “Assinada a venda da TAP, ‘uma história anunciada desde finais dos anos 90’”. A venda da transportadora aérea tem sido muito contestada por funcionários, mas as mais recentes greves de pilotos não contaram com a simpatia dos cidadãos.

O professor de Direito Agostinho Guedes resume assim o ser-se a favor ou não das privatizações: “A questão não é saber se certa empresa é lucrativa ou não, se está ou não num sector dito estratégico, se o Estado gere melhor ou pior, se o Estado precisa mais ou menos de dinheiro. A questão é saber se queremos para Portugal um regime que tem a pretensão de tudo controlar e tudo decidir ou um regime baseado na liberdade política e na liberdade económica. Este é o debate. O resto é atirar areia para os olhos dos eleitores.”

Como verbo transitivo, “vender” também significa “alienar”, “trair”. Como pronominal, pode querer dizer “praticar, por interesse, actos indignos” e ainda “alienar a sua liberdade por certo preço”. Voilá
 

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