#fazqueixinhasdosgregos

A “Casa Comum da Europa”, de Jacques Delors, está com uma acção de despejo. Ou não? Entretanto no Olimpo, Zeus já se disfarçou outra vez de touro branco e vai descer para raptar a Europa. Mas agora, em vez de Creta, leva a princesa para o Mar Negro, onde vão fazer filhos numa dacha de Putin ao lado.

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Cavaco — Estás aí?
Coelho — Estou. E tu?
Cavaco — Também, ou não estávamos a falar no chat, def! Lol.
Coelho — Baralhado com isto dos gregos. Amocham, não amocham, amocham, não amocham… Mas quando é que eles percebem a suprema beleza de obedecer às ordens?
Cavaco — A alegria de ser o melhor aluno…
Coelho — E de levar tampas das miúdas e porrada no recreio. Estes rufias do Syriza fizeram da Europa Unida uma montanha russa de negociações.
Cavaco — Por falar nisso, e se os tipos desistem e se viram mesmo para os russos?...
Coelho — Ora, temos uma almofada financeira até ao final do ano que nos dá para fazer ó-ó, como tu dizes. Não há risco de contágio. Somos um país rico e próspero sentado num monte de dinheiro, lol…
Cavaco — Viste o Tsipras a sorrir?
Coelho — Esse gajo enerva-me.
Cavaco — E o vaidosão do Varoufakis?
Coelho — Esse tem o ego cheio não sei de quê.
Cavaco — Mulheres. O ego cheio de vitórias tenho eu. Não percebo por que é que não convidaram o maior especialista mundial em dívida grega para ir lá resolver a bronca.
Coelho — Eu?
Cavaco — Eu, ó tecla 3. Ainda não encheste o ego com eleições, jovem, só ganhaste uma vez e nem sabes se a repetes.
Coelho — Em Setembro conto com a tua ajudinha, como de costume.
Cavaco — Vejo na TV a Lagarde, vejo o Juncker e o (deixa-me ver aqui a cábula) Jeroen Dijsselboen…
Coelho — Quem?
Cavaco — Aquele que enrola os caracolinhos com gel, parece o dr. da bola da SIC, o Rui Santos. O holandês do Eurogrupo.
Coelho — É cá dos meus. Sabes o que é que eu fazia à Grécia mais aos seus contos de crianças? Mandava-lhes uma SMS com a sua demissão irrevogável do euro, como o Portas, ahahah.
Cavaco — Eu dizia lá em Bruxelas — muitos milhões estão a ser tirados dos bolsos dos portugueses para a Grécia, estamos fartos e não há excepções. Quem não cumpre as regras orçamentais europeias e do défice tem de ser punido, não há excepções!
Coelho — A não ser a Alemanha.
Cavaco — A não ser a Alemanha… Hum, e a França.
Coelho — E a França, claro.
Cavaco — Bom, e mais um ou dois países. Mas isso só acontece quando é mesmo preciso, não em situações em que abusam da nossa paciência como na Grécia. Há uma emergência social na Grécia, a dívida é impossível de pagar com este programa e está em risco o futuro da Europa? Isso são lá razões!
Coelho — Não diria melhor. Em vez de cortarem mais nas pensões e salários, e aumentarem apenas o IVA dos bens essenciais, queriam ainda aumentar os impostos das empresas? É abusar da boa-fé dos investidores e dos credores e dos armadores.
Cavaco — O FMI tinha mesmo de recuar perante uma proposta socialmente tão injusta.
Coelho — Quando uma das partes não está de acordo com quem manda, é impossível negociar.
Cavaco — Chantagistas. Se querem sair do euro, saiam. Nós felizmente temos uma almofada.
Coelho — Uma gorda almofada… Sabes, eu até tinha uma simpatia de princípio com o Tsipras. Na campanha também fez promessas que não ia cumprir, como eu. Mas para quê este sofrimento desnecessário?...
Cavaco — Do povo grego?
Coelho — Dos credores, 
Cavaco — Claro, desculpa, agora baralhei-me.
Coelho — Apetece-me gritar-lhe na cara — Alexis Tsipras, hello, já ganhaste as eleições!
Cavaco — Já estás com o ego cheio, Tsipras!
Coelho — Mas não. Para que é que ele continua a teimar em tentar cumprir as promessas. Quer o quê? Honrar a sua palavra?
Cavaco — Receio que sim.
Coelho — O irracionalismo ultrapassa-me. Ou será que é mesmo uma questão de orgulho nacional?
Cavaco — Eu nem queria levantar o assunto, mas já me passou pela cabeça que os gregos estejam mesmo com essa na cabeça. Orgulho nacional! É um atentado contra a União Europeia, terra de solidariedade entre todos os seus membros e o capital privado. Os gregos, pelo contrário, só pensam em defender os próprios interesses.
Coelho — Egoístas.
Cavaco — É de uma irresponsabilidade total, o Tsipras. Devia ser já demitido.
Coelho — Bom, nós estamos já a trabalhar para isso…
Cavaco — É verdade. Mas só cumprimos os nossos deveres constitucionais como governantes eleitos democraticamente pelo povo da Grécia.
Coelho — De Portugal.
Cavaco — Ou isso.
Coelho — Olha, está-me aqui a chegar o Relvas, ou melhor, o dr. Relvas…
Cavaco — Lol. Ele não entrega mesmo o canudo?
Coelho — Está em tribunal.
Cavaco — Eu também não entrego as mais-valias do BPN. Era só o que faltava. Fossem a tempo!
Coelho — O Miguel pergunta se depois da TAP podemos privatizar o edifício da Assembleia da República. Esse grupo de cidadãos do não-se vende-não-sei-quê dá boas ideias.
Cavaco — Força, mas não se estiquem. Estamos no bom caminho. Bom, vou fazer ó-ó. Às vezes, vejo-me grego para adormecer este ego, ah, ah.
Coelho — Eu mando-te a minha almofada financeira. É fofinha.
Cavaco — Jokas.
Coelho — Jokinhas.

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