"Uma História de luz" conta os 700 anos da Universidade de Coimbra

Do tempo da Alcáçova árabe, passando pelo Palácio Real e pelas várias fases da casa do saber e do conhecimento que é a Universidade de Coimbra, o espectáculo de video mapping de dia 3 de Julho vai contar a história da mais antiga universidade portuguesa

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O evento promete uma enchente. E, aparentemente, merece-a. O atelier OCUBO, responsável por muitas das animações a duas e a três dimensões que tem vindo a ocorrer em território nacional - por exemplo os espectáculos de video mapping projectados no Terreiro do Paço por altura do Natal - passou os últimos quatro meses a terminar aquilo que promete ser “o mais longo espectáculo do género alguma vez feito em Portugal". No dia 3 de Julho o Pátio das Escolas, na Universidade de Coimbra, vai acolher cinco projecções seguidas do espectáculo “Uma História de Luz”.

O desafio era enorme, como admitiu o director do espectáculo, Nuno Maya. Sócio fundador do OCUBO, o atelier responsável pelo evento, Maya explica que a empresa dá “a maior importância ao conteúdo, à história, à narrativa” e, sublinha, será isso que os diferencia de outra projeções video mapping mais convencionais. “Tratando-se de 725 Anos de história, é um número que ultrapassa muitas gerações, é um período onde aconteceram milhares de acontecimentos históricos importantes”, recorda. “Mas como gostamos muito de desafios, estes 725 têm sido uma fonte de prazer de criação artística. Estamos a lidar com magníficos episódios da nossa história e a transforma-los em luz, para iluminar uma universidade tão especial – a primeira do país”, argumenta.

A sinopse escreve-se em poucos linhas. A viagem pelo tempo vai ser conduzida por dois estudantes universitários, que vai explorar a herança cultural, histórica e arquitectónica da mais antiga universidade portuguesa, cobrindo de luz e magia o Pátio das Escolas. “Vamos ver a universidade transformada no mundo romano e árabe, vamos viver o tempo de vários reis de Portugal, viver a magia do conhecimento através de um espectáculo altamente visual que nos transportará pela matemática, as ciências, a física, a química, a biologia, as letras e muito mais, culminando na tradição académica que nos faz reviver o passado dos milhares de alunos que ja por lá passaram”, descreve Nuno Maya que, sublinha, não quis dar ao seu espectáculo um carácter documental, mas antes “um carácter narrativo e emocional”, construindo, acima de tudo, “uma homenagem ao Conhecimento”.

O espectáculo “Uma História de Luz” vai ter cerca de 20 minutos de duração e projectar com efeitos especiais a duas e a três dimensões duas fachadas e a torre da emblemática Universidade de Coimbra. “É muito estimulante exportar para todos a história da universidade. A Biblioteca Joanina, a Capela de São Miguel e a Via Latina são elementos que transbordam duma essência cultural que procuramos explorar e reimaginar, com luz. Também a especificidade da arquitectura é muito desafiante. São mais de 150 metros de projeção, nos quais temos uma torre muito alta que será coberta por projeção até ao topo!”, descreve um entusiasmado Nuno Maya.

A equipa OCUBO dedicou-se a todas as componentes desta produção, desde a concepção da ideia, à criação dos conteúdos, das animações e efeitos especiais, bem como toda a análise técnica, soluções multimédia de projeção de grandes dimensões e todos os equipamentos e projeção de video mapping. A experiência neste campo é vasta: o atelier assinou, por exemplo, o espectáculo “Circo de Luz” que estreou no Terreiro do Paço em 2013 e que entretanto ja viajou para o estrangeiro e foi apresentado em Jerusalém, Emirados Árabes Unidos e Letónia.

As experiências visuais e sonoras que a equipa liderada por Nuno Maya vai trazer a Coimbra não se ficam, porém, por este espectáculo no Paço das Escolas. Na zona baixa da cidade, junto à Câmara Municipal e usando como referência os azulejos da Igreja de Santa Cruz, surgirá um video mapping em versão interactiva. “Vamos dar a oportunidade ao público de pintar com a luz! Mas pintar com mais do que simplesmente as cores que conhecemos mas também com texturas, padrões e elementos gráficos do espólio cultural de Coimbra”, descreve o artista. Os azulejos da Igreja de Santa Cruz, vão ser “transportados” para fora das suas paredes, em formato gigante e luminoso. “Uma oportunidade de criar composições contemporâneas com uma base histórica tão antiga – o passado liga-se ao futuro através do toque interactivo do público que por ali passar”, afirma Nuno Maya, e que mais não é do que uma homenagem à própria cidade.

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