Estado Islâmico destrói dois santuários em Palmira

Extremistas fizeram explodir os primeiros monumentos desde a sua chegada a Palmira. Há poucos dias, plantaram minas na cidade histórica.

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Extremistas disseram que não tocariam nos monumentos históricos da cidade quando a conquistaram a Assad AFP

O autoproclamado Estado Islâmico destruiu dois santuários com centenas de anos nos arredores de Palmira, cidade que conquistou ao exército sírio no mês passado e que é também património mundial da UNESCO desde 1980.

O grupo extremista publicou nesta quarta-feira as fotografias de dois mausoléus destruídos com explosões: tratam-se dos locais de enterro de Mohammad Bin Ali, companheiro do primeiro imã xiita, e do clérigo sufi Nizar Abu Bahaaeddine.

Os dois santuários, considerados apóstatas pelos extremistas islâmicos sunitas, são os primeiros monumentos destruídos na cidade desde a sua ocupação pelo Estado Islâmico. Até ao momento, os extremistas destruíram apenas lápides recentes no cemitério municipal de Palmira, argumentando que as estas sepulturas não devem ser visíveis.

As fotografias publicadas nesta quarta-feira mostram combatentes do Estado Islâmico a caminho dos santuários com barris de explosivos e, depois, os próprios locais detonados. O túmulo de Bin Ali estava localizado a cerca de quatro quilómetros da cidade antiga de Palmira, mas o local de enterro de Abu Bahaaeddine, que teria mais de 500 anos, estava a poucas centenas de metros dos grandes monumentos da cidade.  

Quando conquistaram a cidade às forças de Assad em Maio, os jihadistas anunciaram que não iriam destruir os monumentos milenares da cidade velha, como as imponentes colunas romanas e o templo de Bel, os grandes símbolos arquitectónicos de Palmira. Os extremistas disseram então que seriam destruídas as estátuas dos “ídolos que os infiéis adoram” e nada mais.

A destruição destes dois santuários até poderia confirmar esta promessa, não fosse, há menos de uma semana, os jihadistas terem plantado “numerosas” minas na cidade antiga de Palmira. A informação foi confirmada no domingo pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que monitoriza o conflito a partir de Londres.

Não é certo, porém, se os jihadistas o fizeram para destruir os monumentos da cidade ou para travar uma possível contra-ofensiva do exército sírio, que se continua a mobilizar a poucos quilómetros da cidade. O autoproclamado Estado Islâmico tem utilizado outros instrumentos para a destruição de monumentos históricos que considera exemplos de apostasia, como buldózeres e marretas.

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