Tribunal declara insolvência da Espírito Santo Hotéis

Credores da holding que, através da Rioforte, controlava os hotéis Tivoli, têm 30 dias para reclamar dívidas.

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ES Hotéis é a holding que controla os hotéis Tivoli Nuno Ferreira Santos

A Espírito Santo Hotéis, holding que através da Rioforte controlava os hotéis Tivoli, foi declarada insolvente pelo Tribunal do Comércio de Lisboa. Na comunicação da sentença, proferida segunda-feira, é dado um prazo de 30 dias para os credores reclamaram os créditos. A assembleia de credores está marcada para 8 de Setembro.

De acordo com o edital disponível no Citius, poderá ser aprovado um plano de insolvência “com vista ao pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa e a repartição pelos titulares daqueles créditos e pelo devedor”. Podem apresentar propostas o administrador judicial (Amadeu Magalhães), a própria Espírito Santo Hotéis (ES Hotéis) ou qualquer credor que represente um quinto do total dos créditos. As dívidas apuradas são de 106 milhões de euros e o Montepio Geral é o maior credor, com cerca de 60 milhões de euros.

O processo da holding decorreu em separado do da Hotéis Tivoli SA e da Marinoteis, que gerem directamente as unidades hoteleiras e que têm planos de recuperação aprovados. Contam, aliás, com o investimento do tailandês Minor Hotel Group (MHG). A ES Hotéis detém em 100% estas empresas que, por sua vez, têm como accionista único a insolvente Rioforte Investments, fazendo parte do Grupo Espírito Santo (GES).

O colapso do GES apanhou a Hotéis Tivoli em pleno processo de negociação para a venda dos seus activos. Por estar numa situação económica difícil e por prever, a curto prazo, “sérias dificuldades” para cumprir com as suas obrigações, decidiu avançar com um Processo Especial de Revitalização (PER), aprovado pela larga maioria de credores - a quem esta empresa deve mais de 176 milhões de euros. O MHG pagará 82,5 milhões de euros pelos créditos e assumirá o actual passivo de 69 milhões, noticiou recentemente o Diário Económico. A empresa hoteleira ainda aguarda pela homologação do PER.

Entretanto, depois de nove anos à frente da Tivoli Hotels & Resorts, Alexandre Solleiro vai deixar a administração. Num comunicado interno a que PÚBLICO teve acesso, o gestor agradece aos trabalhadores a “colaboração e confiança” que “mantiveram a equipa unida nos momentos difíceis vividos nos últimos meses”. Solleiro irá abraçar “um novo rumo num outro continente” e cessa funções durante a segunda quinzena de Julho.

Na carta, com data de 18 de Junho, o administrador sublinha que terminaram duas etapas “decisivas” para o futuro da empresa: a aprovação dos planos de recuperação pelos credores e a assinatura dos acordos com a Minor. “Falta completar a etapa final que é a da homologação dos PER e respectivo trânsito em julgado”, detalha.

Foi na década de 1990 que o GES investiu, pela primeira vez, na hotelaria. Comprou três hotéis em Lagos, Carvoeiro e na marina de Vilamoura e expandiu a rede para Lisboa, Coimbra e Sintra. O Brasil também entrou no portefólio da empresa, com um hotel em São Paulo e um resort na Praia do Forte, em Salvador da Baía. No total, detinha 14 unidades e três mil quartos.

A Rioforte já vendeu a ES Viagens (dona da Top Altlântico) à Springwater Capital por um valor não conhecido e desfez-se de parte do capital da Espírito Santo Saúde, vendida à chinesa Fosun por 134,2 milhões de euros.

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