Há dois mil anos que as Ama-San mergulham à procura das ostras

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Mergulham sem botijas de ar ou equipamentos semelhantes. Em apneia, chegam aos 20 metros de profundidade. Assim permanecem, submersas, respiração em suspenso, até conseguirem cumprir a sua missão — arrancar pérolas, ostras, abalones, algas e ouriços do fundo do Pacífico. São as Ama-San, preciosas "mulheres do mar" japonesas que vivem no limite no fundo do mar. Mesmo que tenham, geralmente, entre 50 a 85 anos de idade. Este modo de vida único chamou a atenção da fotógrafa e realizadora Cláudia Varejão que, no decurso de duas viagens ao Japão, uma delas no âmbito de uma bolsa da Fundação de Oriente, retratou esta comunidade nas vilas piscatórias de Wagu, Ijika, Oosatsu e Toushijima para um documentário. "As Ama-San conquistaram o estatuto de colectoras e cuidadoras, questionando não só o papel da mulher na sociedade oriental como a própria natureza feminina", descreve a autora no seu site. Até hoje, são, simultaneamente, "reverenciadas" e "incompreendidas" pela sociedade japonesa, da qual são peças indissociáveis há mais de dois mil anos. No século XI já se escrevia sobre elas (são mencionadas no "Livro de Cabeceira" de Sei Shonagon) e, no século XVII, durante o período Tokugawa, foram postas sob protecção imperial, tendo em conta o potencial económico do seu trabalho. Ao longo de 180 imagens, reunidas na exposição "Ama-San ????", Cláudia Varejão mostra-nos rostos e locais, pequenos apontamentos cinematográficos e etnográficos desta tradição milenar. Para ver de 26 de Junho a 30 de Agosto no Museu do Oriente, em Lisboa. Na inauguração, que se realiza na véspera da abertura às 18h30, será lançado um livro com 39 das imagens em exibição, uma edição de autor de 300 exemplares, feita praticamente à mão, com uma encadernação típica japonesa. Segue-se a longa metragem, actualmente em fase de produção.