Dona da PT Portugal disposta a pagar 10 mil milhões pela Bouygues Telecom

De acordo com o jornal francês Le Journal du Dimanche, a Bouygues vai abordar este tema na terça-feira.

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Patrick Drahi,presidente da Altice, tem apostado numa política agressiva de aquisições REUTERS/Philippe Wojazer

A Altice, através da operadora francesa SFR, terá oferecido 10 mil milhões de euros pela subsidiária de comunicações do grupo francês Bouygues, de acordo com uma notícia avançada este domingo pelo Le Journal du Dimanche e, depois, pelo Financial Times (FT).

A oferta do dono da SFR, Patrick Drahi, sobre a Bouygues Telecom é próxima do valor em bolsa do grupo e é "muito elevada, cerca de 25% mais cara que os oito mil milhões estimados pelos mercados", refere a Efe, citando o Le Journal du Dimanche. Já o FT refere que a oferta de dez mil milhões de euros é toda em dinheiro, sem troca de acções.

A absorção da unidade de telefonia eliminaria um dos grandes concorrentes do mercado de telecomunicações francês e, de acordo com o jornal, a SFR repartiria a operação entre os diferentes agentes e grupos presentes no sector em França. A SFR terá prometido parte das frequências da Bouygues ao operador móvel de baixo custo Free, enquanto a Orange, líder do mercado francês, ficaria com parte dos trabalhadores da empresa e dos seus clientes móveis.

Segundo a mesma notícia, a Bouygues irá abordar este tema na próxima terça-feira numa reunião do conselho de administração, enquanto tenta que a oferta ascenda a 11 mil milhões de euros. As ofertas anteriores da SFR e da Free rondavam os sete mil milhões de euros.

Perante a notícia de que a SFR terá aumentado a oferta sobre a Bouygues, o governo francês reagiu ao assunto. "Digo e repito que a consolidação não é hoje desejável para o sector", afirmou o ministro da Economia francês, Emmanuel Macron, numa declaração à AFP. "O emprego, o investimento e o melhor serviço ao consumidor são as prioridades. As consequências de uma consolidação são negativas, como provam os recentes casos na Europa", acrescentou o governante. Contactada pela Bloomberg, a Bouygues não fez comentários, e não foi possível uma reacção da Altice.

O interesse da Altice na Bouygues Telecom, depois da compra da PT Portugal, já tinha sido avançada em Fevereiro pela Bloomberg. Na altura, a Bouygues afirmou que não havia negociações em curso, mas as suas acções subiram em bolsa após a divulgação da notícia. A Bouygues Telecom tem recebido “demonstrações periódicas de interesse” num contexto em que a maioria das empresas de telecomunicações procura oportunidades de consolidação, disse então à Bloomberg um porta-voz da empresa francesa. A SFR foi comprada à Vivendi pela Altice no ano passado, vencendo na corrida a própria Bouygues.

Em Novembro do ano passado, Dexter Goei, o presidente executivo do grupo liderado por Patrick Drahi e Armando Pereira, afirmou que a Altice seria “o comprador natural” da Bouygues Telecom. Durante uma conferência da Morgan Stanley,em Barcelona, Goei sublinhou que a Altice estava concentrada em fechar o negócio da SFR, mas reconheceu que a Bouygues poderia ser um dos alvos seguintes: “Ficaria surpreendido se não houvesse algum esforço em 2015 para que se isso concretize”, afirmou então.

Uma combinação da SFR/Numericable com a Bouygues Telecom permitiria à Altice criar um novo gigante no mercado, com mais de 30 milhões de clientes móveis, permitindo-lhe superar a líder de mercado Orange. Com este passo, o número de redes móveis no país também diminuiria de quatro para três

Recentemente, a Altice marcou a sua estreia no mercado norte-americano através da aquisição de 70% da Suddenlink, a sétima empresa do mercado de cabo neste país, pagando nove mil milhões de dólares (cerca de oito mil milhões de euros). Ainda participou na corrida à compra da Time Warner Cable, mas perdeu o negócio para a Charter Communications.

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