Conclusão do Estádio do Marítimo em risco
Governo de Miguel Albuquerque suspendeu decisão de Alberto João Jardim em conceder um aval de 10 milhões de euros ao clube.
O aval visava permitir ao clube ir à banca contrair um empréstimo para concluir as obras de remodelação do estádio e, ao mesmo tempo, cumprir o plano de pagamento acordado com o consórcio que está a realizar os trabalhos.
Na base da decisão, disse ao PÚBLICO o presidente do Governo Regional, estão motivos de ordem financeira. “A consolidação orçamental e a sustentabilidade das finanças públicas da região, são a nossa prioridade”, sustentou Albuquerque, explicando que a suspensão do aval será decidida no próximo Conselho de Governo.
“Vai. Não há dúvida”, garantiu, quando questionado se a decisão de Jardim, irá ser revogada.
O aval concedido por Jardim não foi bem recebido, tanto pela oposição como pelos actuais dirigentes do PSD-Madeira. Não só a decisão foi tomada numa altura que o Governo de João Jardim já estava em gestão de funções, e como tal impossibilitado de assumir novos compromissos, como chocava com a política de contenção e rigor financeiro, ditada pelo primeiro-ministro Passos Coelho.
Do lado do Marítimo não há, oficialmente, comentários. Mas, fonte do clube disse ao PÚBLICO que existe a convicção de que a questão será ultrapassada. “Tem de existir bom senso”, declarou a mesma fonte.
As obras de remodelação do Estádio do Marítimo têm-se prolongado no tempo, mas nos últimos meses retomaram o bom ritmo. Já foram concluídas três bancadas, faltando agora a construção da bancada central, a maior das quatro, onde ficarão os balneários, camarotes, lugares cativos para os sócios, tribuna para a comunicação social, um restaurante panorâmico e outras valências.
O Estádio dos Barreiros, agora Estádio do Marítimo, foi cedido em 2007 de forma gratuita ao clube, pelo Governo Regional. A decisão foi polémica e mereceu vários protestos por parte de partidos políticos e de outros clubes, nomeadamente os rivais Nacional e União. O caso chegou mesmo ao Tribunal de Contas, mas a vontade de Jardim, conhecido adepto maritimista, prevaleceu.
Com um projecto a rondar os 46 milhões de euros, sendo que 31 milhões sairiam dos cofres do Governo Regional, as obras começaram em 2009, mas depressa foram interrompidas. A crise económica e o plano de ajustamento económico e financeiro a que a Madeira foi sujeita obrigaram o anterior Governo a rever a política de apoios ao desporto. Sem dinheiro para cumprir o plano de pagamentos, as obras pararam, com o consórcio a ameaçar mesmo o Marítimo com um processo em tribunal.
Durante uma longa época, o clube acabou por jogar num estádio parcialmente demolido e completamente descaracterizado e foi necessária a intervenção de Jardim para a questão ser desbloqueada.
Os trabalhos recomeçaram no ano passado e a conclusão estava prevista para o final deste ano, mas a decisão do actual governo madeirense vai novamente mexer nesse calendário, adiando a conclusão do estádio.