PSD e CDS-PP acusam Costa de ter discurso contraditório com gestão camarária

Em causa as assessorias privadas que o líder do PS não quer no Estado, mas usou na autarquia.

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António Costa: “O PS não começou com a tomada de posse desta direcção”. Rui Gaudêncio

Quatro vereadores do PSD e do CDS-PP, incluindo o candidato derrotado à presidência da Câmara de Lisboa Fernando Seara, acusaram esta quinta-feira o secretário-geral do PS, António Costa, de ter um discurso contraditório com a sua gestão camarária.

Numa conferência de imprensa realizada na sede nacional do PSD, em Lisboa, cujo tema não tinha sido divulgado, António Costa foi acusado de, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, cargo que deixou em Abril, ter recorrido desnecessariamente a assessorias privadas, ao contrário do que promete fazer se for primeiro-ministro.

No que respeita ao recurso do Estado a serviços privados, António Gonçalves Pereira questionou a redução agora prometida pelo secretário-geral do PS, referindo que a verba inscrita no orçamento da Câmara de Lisboa para consultorias externas e outsourcing é "qualquer coisa como 2,2 milhões".

Segundo o vereador do CDS-PP, foi desnecessário o recurso a privados para um estudo externo sobre museus "que custou qualquer coisa como 19 mil euros", para os planos de pormenor -"cada um custa em média 100 mil euros" - e também para os estudos de urbanismo, os estatutos da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) ou um contrato recente de refeições escolares. A Câmara tem "um departamento jurídico com cerca de 200 pessoas", assinalou.

Questionados sobre a posição de princípio de PSD e CDS-PP em relação ao recurso a assessorias privadas, João Gonçalves Pereira respondeu que isso só deve acontecer com "matérias muito específicas e muito complexas", e Fernando Seara concordou que só fazem sentido "para assuntos que sejam muito, muito especializados", mas não no grau aplicado na capital.

"Vim encontrar em Lisboa uma multiplicação de assessorias privadas que necessariamente poderiam não existir", disse o ex-presidente da Câmara Municipal de Sintra. "Vejo uma multiplicação de pareceres jurídicos", acrescentou.

PSD e CDS-PP criticaram também a recusa da actual gestão da Câmara de Lisboa, na quarta-feira, de suspender a taxa de protecção civil, associando-a a uma política de "cofres cheios" oposta à do discurso nacional do PS. Para além disso, voltaram a contestar o valor de redução da dívida camarária reclamado por António Costa.

António Prôa expôs mais uma vez as contas da vereação do PSD quanto à evolução da dívida municipal e mencionou que a reabilitação urbana executada nos últimos sete anos foi "um terço" do que estava orçamentado.

O vereador do PSD sustentou que "hoje o município é menos eficiente, consome mais recursos com o seu funcionamento do que consumia quando o doutor António Costa pegou na Câmara", e declarou temer que o secretário-geral do PS, "tal como não arrumou a casa em Lisboa, desarrume a casa no país".

Participaram nesta conferência de imprensa a vice-presidente do PSD e deputada Teresa Leal Coelho, também vereadora da Câmara de Lisboa, que não usou da palavra, e os vereadores Fernando Seara e António Prôa, do PSD, e João Gonçalves Pereira, do CDS-PP.

A intervenção inicial coube a Fernando Seara, que afirmou estar a cumprir a promessa eleitoral de ficar "com os dois pés em Lisboa". Depois, alegou que António Costa, "ao primeiro momento, saiu", sem ter dito durante a campanha "que poderia sair, em que circunstâncias poderia sair", e acrescentou que o actual presidente da Câmara, Fernando Medina, "não foi legitimado popularmente".

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