Países do G7 ameaçam Rússia com novas sanções

Barack Obama esteve na Alemanha para obter garantias de que a União Europeia permanece unida na questão ucraniana.

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Angela Merkel e Barack Obama estão em sintonia MICHAEL KAPPELER/AFP

Os líderes dos sete países mais industrializados do mundo decidiram manter o pé no acelerador das sanções aplicadas à Rússia na sequência da anexação da península ucraniana da Crimeia, no ano passado. No comunicado final da reunião do G7, que terminou nesta segunda-feira, fica claro que essas sanções podem ser ainda mais apertadas, algo que depende do "respeito pela soberania da Ucrânia".

"Reiteramos a nossa condenação à anexação ilegal da península da Crimeia pela Federação Russa, e reafirmamos a nossa política de não-reconhecimento", diz o comunicado, na parte referente à crise na Ucrânia.

A condenação do G7 já era esperada (a Rússia foi afastada do grupo no ano passado, precisamente por causa da anexação da Crimeia), mas os movimentos diplomáticos nos bastidores da reunião dos últimos dois dias, que decorreu num luxuoso hotel em Krün, na Alemanha, tinham os olhos postos em Bruxelas – nos dias 25 e 26 de Junho, os membros da União Europeia vão decidir o que fazer com as sanções que estão em vigor contra a Rússia, sendo provável que as renovem até Janeiro de 2016, como defende a Alemanha.

Seguindo uma linha mais dura, o Presidente dos EUA, Barack Obama, esteve na reunião do G7 para obter garantias de que a unanimidade europeia contra a Rússia na questão ucraniana não será posta em causa e, se possível, convencer os seus parceiros a reforçar as sanções.

"O objectivo do Kremlin passa por semear a divisão, desestabilizar a União Europeia, e possivelmente quebrar aquilo que tem sido um consenso, ainda que por vezes frágil, contra a agressão russa. No mínimo, se a Rússia conseguir desviar um único membro da União Europeia, poderá, em teoria, impedir a renovação das sanções económicas que expiram no final do mês, caso não haja unanimidade entre todos os Estados-membros", escreve o The New York TimesOs EUA, o Reino Unido e a NATO acusam a Rússia de estar directamente envolvida no conflito na Ucrânia, mas Moscovo afirma que não enviou soldados para a região.

Para afastar dúvidas, o presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk, deixara um aviso ainda antes do arranque da reunião do G7: "Se alguém quiser iniciar um debate sobre a alteração do regime de sanções [à Rússia], essa discussão só poderá ser sobre o seu fortalecimento."

O comunicado final da reunião do G7 salienta que "todas as partes" do conflito no Leste da Ucrânia devem cumprir os acordos assinados em Minsk, em Fevereiro, mas deixa claro que só um recuo da Rússia poderá levar ao fim das sanções: "Recordamos que a duração das sanções deve estar directamente ligada à completa aplicação dos acordos de Minsk pela Rússia, e ao respeito pela soberania da Ucrânia. As sanções podem ser levantadas quando a Rússia cumprir esses compromissos."

Ainda assim – e apesar das declarações públicas de altos responsáveis norte-americanos e europeus –, o texto final da reunião do G7 evita implicar directamente no conflito armado soldados russos, referindo-se ao "apoio da Rússia às forças separatistas na fronteira", e apelando a Moscovo que "faça uso da sua considerável influência sobre os separatistas para cumprirem os acordos de Minsk na totalidade".

Na reunião do G7 foram abordados vários temas, da economia mundial à melhoria do acesso ao mercado de trabalho pelas mulheres, mas um dos grandes destaques foi a situação no Médio Oriente, em particular a luta contra o autoproclamado Estado Islâmico.

À entrada para uma reunião bilateral com o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, o Presidente dos EUA voltou a proferir uma declaração sobre os avanços do grupo jihadista que não deixará de ser explorada pelos seus adversários no Partido Republicano: "Ainda não temos uma estratégia completa."

Mas também deixou uma promessa, ainda que sem data marcada: "Vai levar tempo, e vamos ter contrariedades e aprender lições, mas vamos ser bem-sucedidos. O ISIL [o Estado Islâmico] vai ser expulso do Iraque, e acabará por ser derrotado."

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