Depósitos das famílias batem máximo histórico

Crédito concedido pela banca voltou a cair no ano passado, o que melhorou as contas do património líquido.

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O valor acumulado pelas famílias em depósitos atingiu, em 2014, o registo máximo da série histórica de 35 anos, situando-se em 160,2 mil milhões de euros, revelou esta segunda-feira o Banco de Portugal, num anexo ao Boletim Económico de Junho.

O valor, que engloba depósitos, moeda e aplicações em dívida pública (certificados de aforro e do Tesouro), representa um crescimento de cerca de 5000 milhões de euros face a 2013, ano em que o indicador evidenciara já um caminho de recuperação face ao quadro negro de 2012, quando entrou em pleno no terreno o pacote de austeridade imposto pela troika de credores internacionais e o país entrou numa recessão profunda. Nesse ano, a rubrica "moeda e depósitos", que compõe a maior fatia da carteira de activos financeiros das famílias, caiu de forma significativa para 152,4 mil milhões de euros.

Esta variação de meios disponíveis não impediu que o total de activos financeiros das famílias caísse para 360 mil milhões de euros, menos cerca de 3000 milhões face a 2013. Isto explica-se porque recuou de forma substancial o valor em acções e outras participações e o que está aplicado em fundos de investimento, embora houvesse um crescimento nos montantes aplicados em regimes e seguros de pensões.

O Banco de Portugal assinala, por outro lado, que o total dos passivos assumidos pelos portugueses também caiu, ainda a reflectir o quadro de restrições impostas pela banca na concessão de crédito e o adiamento das opções de compra de novas casas. O total de empréstimos caiu cerca de 6700 milhões de euros para 140,7 mil milhões.

Como o património não financeiro das famílias, nomeadamente em habitação, cresceu 10 mil milhões de euros para 331 mil milhões, o património líquido dos portugueses (activos financeiros e não financeiros menos passivos) aumentou mais de 11,5 mil milhões de euros para um valor total de 535 mil milhões, o nível mais elevado desde 2010.

Exportações apoiam crescimento
Na edição do Boletim Económico de Junho, o Boletim Económico mantém as previsões de crescimento que já enunciara em Março e sustem que a evolução do produto interno bruto (PIB) terá nas exportações a sua principal alavanca.

Após um crescimento de 0,9% na riqueza gerada em Portugal no ano passado, o banco central prevê, assim, que o PIB cresça 1,7% este ano e que o indicador aumente para 1,9% em 2016 e 2% em 2017, o que coloca o país dentro do nível médio do que é projectado para a área do euro.

“O crescimento das exportações continuará a reflectir a transferência de recursos produtivos para os sectores da economia mais expostos à concorrência internacional”, assinala o BdP para acrescentar que, desta forma, deverá manter-se a capacidade de financiamento da economia portuguesa e a redução sustentada dos níveis de endividamento externo.

A dinâmica exportadora não terá correspondência em outros dois indicadores fundamentais das contas nacionais, o consumo privado e a formação bruta de capital fixo (investimento), para os quais o banco estima “uma recuperação moderada”.

Com a economia a crescer mais, as taxas de juro situadas em níveis historicamente baixos e as contas públicas com saldos positivos primários, o Banco de Portugal antecipa uma “redução da dívida pública em percentagem do PIB a partir de 2015”. Mas alerta também que para os próximos dois anos, a serem necessárias “medidas adicionais para cumprir os objectivos orçamentais”, isso não deixará de ter impactos no consumo público e privado.

Mesmo assim, o crescimento projectado “é compatível com uma progressiva redução da taxa de desemprego, não obstante a sua persistência em níveis elevados”, assinala o banco central no boletim.

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