Vestir e despir a camisola

À terceira explicação, diz o dicionário que um treinador é “o técnico que treina um desportista ou uma equipa de desportistas”. Não escolhe um desporto em particular, nem um clube. Jorge Jesus, sim. O até aqui “instrutor” de futebol no Sport Lisboa e Benfica escolheu passar a ser o “mister” no Sporting Clube de Portugal. Ou, se se quiser, decidiu deslocar-se da Luz para Alvalade (pela 2.ª Circular). Em tempos, Jorge Jesus foi jogador do Sporting. Agora, a casa torna. Volta portanto a vestir uma camisola que já havia despido.

Na quinta-feira, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários pedia esclarecimentos urgentes às sociedades anónimas desportivas (SAD) dos dois clubes, obrigadas que estão, por serem cotadas em bolsa, a comunicar ao mercado informação relevante, como a contratação de treinadores. Oficialmente, nada havia sido comunicado. Conhecia-se, sim, as palavras irónicas do director de comunicação do Benfica, João Gabriel, no Twitter: “Sou grato a Jesus! Para o ano, vamos ter treinador comprometido com o Benfica e não apenas com o seu ego e conta bancária.” O preço de vestir nova camisola parece oscilar entre os cinco milhões de euros de prémio de assinatura (segundo a TSF) e os seis milhões de euros brutos anuais (segundo os jornais). A passagem de vermelho a verde será financeiramente apoiada pelo “empresário angolano Álvaro Sobrinho e por patrocinadores da Guiné Equatorial”, escreveu-se.

Personagem peculiar, desde o nome ao penteado e ao discurso, Jorge Jesus é um alvo recorrente nas redes sociais. Desde que se soube da transferência, o treinador voltou a protagonizar muitas mensagens, com mais ou menos humor. Como esta: “Ai Jesus que lá vou eu.” Pela 2.ª Circular.

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