Pelo menos 175 pessoas morreram em Acra no incêndio de uma estação de serviço: as vítimas estavam no local para se abrigarem das chuvas torrenciais que provocaram grandes inundações e deixaram muitos sem casas nos últimos três dias. O fogo terá começado numa residência próxima e propagou-se até às bombas de combustível, que explodiram no centro da capital ganesa.

“Estas mortes são uma catástrofe quase sem precedentes”, descreveu o Presidente, Dramani Mahama, ao visitar a bomba de gasolina destruída pelo fogo. “Muitas pessoas perderam a vida e eu não encontro palavras.” O líder da oposição, Nana Akufo Addo, também esteve no local e disse que era um “dia negro na história da cidade”.

“O incêndio foi imediato, provocado pela explosão, as pessoas que estavam abrigadas na estação não tiveram qualquer oportunidade de escapar”, disse à Reuters o porta-voz dos bombeiros, Prince Billy Anaglate. As vítimas estão irreconhecíveis – há corpos sentados junto à bomba, outros dentro de carros e de miniautocarros no parque de estacionamento.

Segundo a AFP, há dezenas de motos calcinadas em redor da estação do serviço e o fogo parece ter apanhado um autocarro cheio de passageiros estacionado perto da bomba. Os habitantes que falaram à agência de notícias dizem que a estação estava há dias repleta de pessoas que tentavam abrigar-se das chuvas.

Foram decretados três dias de luto nacional em homenagem às vítimas do incêndio e das inundações. As escolas da cidade estão fechadas e foi pedido às crianças que fiquem em casa.

As chuvas e consequentes inundações paralisaram bairros inteiros na cidade. A circulação tornou-se impossível em muitas estradas, algumas parcialmente destruídas e arrastadas pela torrente de água.

Quando o incêndio alcançou as bombas de gasolina, que explodiram, as pessoas tinham água pela altura dos joelhos. Algumas terão morrido afogadas a tentar fugir.

As inundações são recorrentes em Acra na época das chuvas – e foram agravadas neste caso por obras na capital. Os bombeiros tiveram dificuldades em alcançar as vítimas porque ficaram encurralados junto às obras de uma rotunda no centro, que estavam igualmente inundadas.

De acordo com o ministro da Comunicação, Edward Omane Boamah, que declarou uma situação de “urgência nacional”, o Exército, a polícia, os bombeiros e a agência nacional de socorros estão mobilizados para acorrer às vítimas das inundações.

“Peço à população que evite os riachos criados pelas chuvas e os bairros onde estão os principais sistemas de esgotos”, disse o ministro. “Mantenham-se em terrenos elevados quando necessário, para evitar mais mortes.” As previsões indicam que vai continuar a chover durante esta sexta-feira em Acra.