Tratamento abre caminho na Net

Programas têm vindo a ser desenvolvidos em países como o Reino Unido, a Holanda e a Alemanha.

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Será um importante foco da actividade do Observatório Europeu das Drogas (OEDT) e da Toxicodependência, anunciou o director, Wolfgang Gotz. É cada vez mais relevante o papel desempenhado pela Internet no tráfico e no consumo de substâncias ilícitas, mas também na prevenção e no tratamento.

A Net de superfície, a que está acessível através dos motores de busca comuns, tem sido monitorizada pelo OEDT e pela Interpol. A partir daí, chegaram a tráfico que se desenrola na Net oculta, cujo acesso e navegação se fazem com dados encriptados. Ao longo da última década, foram identificados 650 sítios de venda.

Tanto velhas como novas drogas estão disponíveis na Internet de superfície e na Internet oculta. E isso, segundo se pode ler no relatório anual apresentado esta quinta-feira, “coloca grandes desafios às políticas de controlo de droga”. A evolução é rápida, como se vê pela abertura de novos mercados e lançamento de criptomoedas.

Mas a Net não serve só o deal. “A divulgação de informações sobre drogas, os programas de prevenção e os serviços de proximidade então, em graus variáveis, a deslocar-se dos espaços físicos para os ambientes virtuais”, refere o relatório. “Muitos programas de tratamento estão presentemente acessíveis em linha.”

Conforme explicou ao PÚBLICO Alessandro Pirona, técnico do OEDT, os programas de tratamento assumem formas diversas. Podem ser automáticos (um software interage com os consumidores, fazendo-lhes perguntas e dando-lhes respostas), semiautomáticos (já comportam terapeuta) ou não automáticos (têm sessões de terapia individual e/ou mesmo terapia de grupo).

Ainda não existem em Portugal, mas este género de programas, que se têm vindo a desenvolver em países como o Reino Unido, a Holanda e a Alemanha, podem ser um complemento útil aos serviços de tratamento tradicionais, afiança Alessandro Pirona. Permitem chegar a consumidores que moram longe dos serviços especializados. E podem abrir caminho aos que resistem às estruturas de tratamento, muito conotadas com o uso de heroína. Não será por acaso que quem mais recorre ao tratamento online são os consumidores de cannabis.

No entanto, diz a experiência europeia que a taxa de abandono é grande. Parece ser fácil começar, a pessoa nem precisa de sair de casa, mas também parece ser fácil desistir, como se houvesse menos obrigação. 

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