Dezenas de milhares de pessoas lembram Tiannanmen em Hong Kong

Na manifestação/vigília também foi lembrado que este território chinês está em luta para não perder direitos democráticos.

Na China, só em Hong Kong se assinala Tiananmen
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Na China, só em Hong Kong se assinala Tiananmen Tyrone Siu/Reuters
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Os princípios da "revolução do chapéu de chuva" também forma lembrados ANTHONY WALLACE/AFP
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Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se esta quinta-feira em Hong Kong na vigília que assinala o 26.º aniversário do massacre na Praça Tiananmen de Pequim. Os organizadores esperam 150 mil pessoas, menos gente do que o recorde do ano passado (180 mil).

A manifestação-vigília por Tiananmen é habitual em Hong Kong, que há 26 anos era um território administrado pelo Reino Unido. É também habitual em Macau, onde decorrem igualmente manifestações. No resto da China, é proibido assinalar a data. Na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, e depois de sete semanas de manifestações a exigir reformas democráticas na China, milhares de soldados e centenas de carros blindados avançaram pela praça no centro de Pequim pondo um fim violento e sangrento ao movimento pró-democracia.

Não há dados oficiais e não se sabe ao certo quantas pessoas morreram - alguns organismos dizem que em Pequim morreram cerca de mil pessoas, sobretudo estudantes universitários, com mais algumas centenas a serem mortos pelas tropas noutras cidades.

A vigília deste ano em Hong Kong tem também significado para este território que voltou para o controlo de Pequim em 1997. A população de Hong Kong está profundamente dividida entre a integração plena na estrutura chinesa e a preservação da tradição democrática do território.

No ano passado, os grupos pró-democracia, apoiados pelas organizações de estudantes dos ensinos secundário e universitário, manifestaram-se durante meses nas ruas, que ocuparam, contra a nova lei eleitoral. Em 2017 os habitantes de Hong Kong escolhem um novo chefe para o governo local e, antes disso, terá que ser aprovada uma lei eleitoral. Pequim, conforme prometeu quando recuperou o território, em 1997, aceitou que a eleição se realize por sufrágio universal e voto directo (um cidadão, um voto). Porém, determinou que só haverá três candidatos, escolhidos por um comité controlado pelo partido único, o Comunista.

É já no dia 17 de Junho que o parlamento de Hong Kong examina o projecto de lei eleitoral e a oposição (os partidos pró-democracia, que gostariam de ter os seus próprios candidatos nas eleições) já anunciou que vai dar luta, tentando impedir a aprovação do projecto. Para este ser aprovado são precisos dois terços dos votos, a oposição controla mais um terço dos votos e está a tentar ter o apoio de deputados não comprometidos com Pequim, pelo que o resultado pode pender para qualquer dos lados. A dúvida neste momento é como reagirá o Governo chinês - que não cedeu durante as manifestações do ano passado - caso o projecto de lei não seja aprovado. 

O tema divide os habitantes locais, como mostram as sondagens publicadas pela imprensa de Hong Kong. Numa delas, publciada no jornal South China Morning Post, 45,9%  dos inquiridos disse ser a favor desta lei eleitoral e 35,2% disse ser contra.

Neste contexto, a manifestação/vigília com que Hong Kong relembra Tiananmen ganhou também um teor de contestação ao que se passa neste território. "Estamos numa luta permanente pela justiça", disse à multidão reunida no Parque Victoria esta quinta-feira Richard Tsoi, da Aliança, a plataforma que une os movimentos cidadãos democráticos.

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