Festival Para Gente Sentada sai de Santa Maria da Feira e instala-se em Braga

Concertos a 18 e 19 de Setembro no Theatro Circo, no GNRation e nas ruas. Cartaz está a ser fechado.

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Perry Blake foi uma das presenças no festival Nelson Garrido

Durante 10 anos, o Festival Para Gente Sentada foi realizado em Santa Maria da Feira. Uma década de concertos num conceito intimista que encaixava que nem uma luva no cineteatro António Lamoso e que surpreendeu o país ao trazer nomes como Patrick Watson, Devendra Banhart (que chegou a fazer uma canção com o nome Santa Maria da Feira), Tindersticks, Sufjan Stevens, Bill Callahan, entre outros, a uma cidade periférica dos grandes centros urbanos e que fazia questão de se destacar pela dinâmica cultural. A história de uma década em Santa Maria da Feira chega agora ao fim. O festival segue em direcção a norte e instala-se em Braga a 18 e 19 de Setembro. O cartaz da 11.ª edição está a ser fechado e os primeiros nomes serão anunciados ainda este mês.

Festival Para Gente Sentada é uma marca da Ritmos – Agenciamento e Produção de Artistas e Espectáculos que encontrou em Braga, das cidades mais jovens do país, o palco ideal para a próxima edição. “Para manter a chama acesa e com alma, com artistas que continuassem a esgotar o espaço, com uma boa programação, era preciso investimento e não houve por parte da câmara [da Feira] essa disponibilidade”, adianta João Carvalho, da Ritmos. Braga ofereceu as condições que a produtora procurava e as malas foram feitas. “O festival tem um público fiel e nos últimos dois anos sentiu-se que faltava algum élan na programação. O festival precisava não só de ter continuidade como de crescer”. O caminho está traçado. O modelo de apostar em songwriters mantém-se, o conceito muda ligeiramente. Em vez de um espaço, há cinco em Braga. No Theatro Circo estarão essencialmente songwriters internacionais, o GNRation acolherá uma vertente mais rock e electrónica e haverá ainda pequenos concertos sobretudo de songwriters nacionais em três espaços na rua.

Neste momento, a aposta cultural da Câmara da Feira centra-se na programação regular e nas produções próprias e o Festival Para Gente Sentada acabou por sair de cena. Gil Ferreira, vereador da Cultura, assume a perda e admite que a opção é “essencialmente política”. “O festival teve o seu período, o seu contributo e importância no território e fez parte de um ciclo. No novo ciclo, a aposta está direccionada para as produções próprias, associadas ao novo projecto Caixa das Artes, e na programação regular como estratégia de capacitação e formação de novos públicos”, refere. “É necessário fazer opções estratégicas, políticas, com a execução de um plano e de um orçamento”, acrescenta. Tudo foi pesado na hora de reabrir o Cineteatro António Lamoso a 11 de Janeiro e depois de obras de remodelação do espaço que demoraram cerca de um ano. “Para termos programação regular, para termos cinema todo o ano, para termos música, teatro e dança, e algumas criações próprias, tivemos de prescindir de algumas coisas e prescindimos do Festival Para Gente Sentada num momento particular”. Gil Ferreira deixa, no entanto, a porta aberta. “No futuro, caso a proposta do festival seja suficientemente relevante, traga a essência do festival e um conjunto de nomes importantes, certamente que estaremos abertos”.

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