Rio pede acordos de governação na educação, segurança social e quadro orçamental

Ex-presidente da Câmara do Porto desmente que "tenha decidido o que quer que seja" sobre uma eventual candidatura a Presidente da República.

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O nome de Rui Rio volta à baila para as presidenciais. Foto: Paulo Ricca

Rui Rio lançou esta terça-feira um repto a todos os partidos políticos para que para “sejam capazes de fazer acordos de governação nacional de médio e longo prazo em nome do interesse nacional”. “Era bom que houvesse acordos de governação nacional para o sistema educativo, para a segurança social e para o quadro orçamental”, defendeu o ex-presidente da Câmara do Porto, numa conferência realizada na Casa da Música no âmbito dos 127 anos do Jornal de Notícias, no qual participaram outros dois economistas: Miguel Cadilhe e João Ferreira do Amaral, para além Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro Governo de José Sócrates.

Rui Rio apontou as fragilidades do regime democrático ao longo dos últimos 40 anos de democracia e criticou a “desresponsabilização da comunicação social por aquilo que diz e escreve”. E proclamou também um acordo político no sentido da revitalização do próprio regime. “Nada é eterno. Por que é que o regime político tinha de estar hoje capaz?”, perguntou, lamentando que não tenha havido “força política” para impor decisões que evitassem o enfraquecimento do poder político.

Criticando “os poderes fácticos subterrâneos que são próprios de uma democracia”, o ex-autarca sublinhou a importância de haver um “poder político forte e com meios” e voltou a desafiar os partidos políticos para se envolveram na reforma do sistema político. “O regime não está bem. O que me parece absolutamente importante é que todos os partidos  se envolvam um conjunto de reformas a sério”, declarou, chamando a atenção para "a necessidade de se fazer a reforma do sistema político para que se rasguem novos horizontes”.

Perante uma sala completamente repleta, voltou a clamar por uma “justiça menos opaca”. A comunicação social - um tema que lhe é particularmente caro – não escapou ao tom quase furioso do economista, que se queixou de ser “alvo de uma notícia completamente falsa”. A sala respondeu com uma salva de palmas.

A notícia, avançada na passada sexta-feira, dizia que Rio já tinha decidido avançar para a Presidência da República, estando a ultimar contactos para anunciar a candidatura até ao final do mês de Junho. Na segunda-feira, desmentiu a notícia e, ontem, aos jornalistas, voltou a desmentir que "tenha decidido o que quer que seja" sobre uma eventual candidatura a Presidente da República, explicando que estas decisões têm que ser "pensadas e amadurecidas", necessitando de tempo.

"Desminto que tenha decidido o que quer que seja. É isso. E quem sabe se decidiu sou eu e não terceiros, nem quartos, nem quintos", esclareceu Rui Rio, à margem da conferência do Jornal de Notícias. De resto, considerou "profundamente lamentável" que a notícia tenha sido avançada sem perguntarem "ao principal interessado". "E quando o principal interessado desmente, dizem que ele recuou", insurgiu-se.

Antes de Rio falou Miguel Cadilhe, que aludiu ao “delicadíssimo dossier das pensões” para fazer um ataque violentíssimo ao Estado. "Pergunto, quebrar contratos porquê? Porque razão há-de o Estado quebrar as suas obrigações contratuais neste domínio dos pensionistas contributivos, que são fracos, e não há-de fazer o mesmo noutros domínios contratuais, como por exemplo a dívida pública? Do outro lado, estão os fortes", disse.

“Precisamos de reduzir o ‘sobrepeso do Estado’, mas não a custo do ‘sistema contributivo de pensões’”, disse o ex-ministro das Finanças que, a este propósito, declarou: "[O Estado] está a cometer uma injustiça flagrante. É verdadeiramente bárbaro!”

 

 

 

 

 

 

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