Liga e Benfica contestam acusações de jogos viciados

Federbet alertou para suspeitas na II Liga e no Benfica-Penafiel. Luís Duque criticou conclusões.

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O relatório aponta como suspeito o jogo Benfica-Penafiel Francisco Leong/AFP

Depois de há um ano já ter sido referenciado como palco de resultados combinados, o futebol profissional português, especialmente o da II Liga, foi agora, novamente, implicado num relatório sobre jogos viciados. Contudo, Luís Duque, presidente da Liga de Clubes, contesta as conclusões da Federbet, empresa responsável pelo estudo, e acusa-a de não ter credibilidade, lembrando que as investigações originadas nas suspeitas feitas há um ano foram arquivadas.

Segundo a Federbet, que monitoriza e vigia as apostas online, Portugal foi um dos países em que, a reboque da crise económica, a situação mais piorou. O estudo refere como exemplo de “jogos viciados” vários encontros da II Liga, competição que o secretário geral daquele órgão, Francesco Baranca, classificou como “doente” numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, em Bruxelas. Tratam-se do Freamunde-Portimonense, Académico Viseu-Chaves, U. Madeira-Ac. Viseu, Sporting B-Oriental, Sp. Covilhã-Oriental, Sporting B-V. Guimarães B, Oliveirense-Portimonense e Feirense-Oriental.

Mas o relatório também fala de viciação de resultado num jogo da Taça da Liga (Sp. Covilhã-Freamunde) e noutro da I Liga, o Benfica-Penafiel, da 32.ª jornada, que o bicampeão ganhou por 4-0. Segundo Francesco Baranca, as suspeitas deste último encontro não estão relacionadas com o triunfo folgado do Benfica, favorito à partida, mas antes com o “movimento louco” das apostas, com apenas um handicap, a apontar para pelo menos a existência de quatro golos. Aquele elemento frisou que um resultado viciado não significa que todos os intervenientes saibam da combinação. “Provavelmente, o Benfica até foi vítima” de corrupção, disse, citado pela Lusa. O Penafiel negou qualquer ligação ao caso. “Parece-me uma autêntica estupidez. Estamos completamente tranquilos”, disse o presidente António Gaspar Dias à TSF.

A Federbet afirmou que muitas das apostas tiveram origem em Nápoles e Reggio Calabria, relacionando-as com a máfia italiana.

A Liga passou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas também denunciou o comportamento da Federbet. “Opta por lançar a suspeição pública, sem qualquer pudor, sobre os nossos clubes e as nossas competições desportivas”, lê-se num comunicado, que acrescenta que a empresa tem tentado vender os seus serviços, sem sucesso, à Liga.

Sublinhando que é sensível ao tema das apostas ilegais, Luís Duque revelou que as acusações de há um ano, também realizadas pela Federbet, não resultaram em nada. “Fazem-se passar por um observatório europeu, mas é apenas mais um organismo que vigia as apostas. Gostaríamos de ver investigada a própria empresa. Vão ter de provar o que disseram. As anteriores denúncias que tinham feito foram arquivadas e não levaram a resultado nenhum”.

Questionada pelo PÚBLICO, a PGR confirmou que está a “acompanhar a situação, nomeadamente as notícias vindas a público, com vista a ponderar os procedimentos que se mostrem adequados, no âmbito das respectivas competências” do Ministério Público quanto à decisão de abrir ou não um inquérito para investigar estes casos de alegada viciação de apostas online.

Benfica diz que UEFA afasta qualquer suspeita
Já o Benfica emitiu um comunicado na terça-feira à noite, garantindo que o "Sport Lisboa e Benfica obteve informação junto da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de que não existe qualquer suspeita real quanto à viciação do resultado do encontro relativo à 32.ª jornada da Liga NOS": "Questionada sobre o assunto, a UEFA confirmou à FPF que o referido jogo suscitou elevado número de apostas devido à importância competitiva do mesmo, visto que o SL Benfica estava muito perto de ganhar o campeonato", diz o comunicado benfiquista.

Criticando o "estranho ruído na comunicação social" sobre este caso, o Benfica termina dizendo que "qualquer extrapolação sobre esta matéria é meramente especulativa e difamatória". com H.D.S.

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