Teste de cinco minutos avalia competência de linguagem das crianças

Chama-se Rastreio de Linguagem e Fala (RALF) e destina-se a crianças entre os três e os seis anos.

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Investigadoras da Universidade de Aveiro e do Instituto Politécnico de Setúbal criaram esta ferramenta Sérgio Azenha/Arquivo

Marisa Lousada e Ana Rita Valente, investigadoras da Universidade de Aveiro (UA), juntamente com Ana Mendes, investigadora e docente no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), criaram um instrumento que, em aproximadamente cinco minutos, permite que profissionais de saúde ou educação, e até mesmo familiares, identifiquem se as crianças têm, ou não, adquiridas as competências de linguagem e fala adequadas à sua faixa etária.

O instrumento, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, chama-se Rastreio de Linguagem e Fala (RALF) e é o único preparado para crianças que tenham o português-europeu como língua materna. Trata-se de um “instrumento rápido de avaliação”, que consiste num “conjunto de dez a doze questões”, direccionadas para diferentes faixas etárias - dos três aos quatro anos, dos quatro aos cinco e dos cinco aos seis – que contém indicadores das capacidades de fala, linguagem ou metalinguagem.

O teste é realizado através de questões colocadas aos profissionais que trabalham com crianças, ou aos pais, e também, posteriormente, às crianças que estão a ser rastreadas. Associado a cada simples questão estão exemplos concretos. Por exemplo, “se pedir à criança para identificar onde está a maçã, ela vai ou não apontar para o sítio onde está a maçã”, explica ao PÚBLICO Marisa Lousada.

O rastreio é constituído por um manual e por uma folha de registo, aponta Ana Rita Valente. No final é calculado o resultadodependendo do desempenho da criança. Se a criança não atingir o resultado que corresponderia às competências da linguagem e da fala adequadas à sua faixa etária, será então aconselhado aos pais o acompanhamento da criança por um terapeuta da fala.

 “A actuação ao nível da prevenção permite uma identificação das perturbações em fase inicial evitando o insucesso escolar, na medida em que uma grande percentagem de crianças com perturbação na aprendizagem da leitura apresentou previamente uma perturbação da linguagem oral”, afirma a investigadora da UA.

“A grande mais-valia deste instrumento é permitir a realização de um rastreio de linguagem e fala de forma rápida que ajude os profissionais de saúde e de educação a perceber se a criança já adquiriu as competências de linguagem e fala fundamentais para a sua idade”, explica Marisa Lousada, uma das terapeutas da fala que desenvolveu o RALF.

O RALF foi construído com base em dados linguísticos normativos. Foi analisada a sua validade e fiabilidade, tendo-se concluído que é válido, fiável, sensível e específico, constituindo uma mais-valia para uma identificação precoce de crianças com alterações de linguagem e/ou fala. O
 
Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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