Entre dois corações

Custa-me que a CP perca dinheiro (como serviço público que é, como poderia não perder?), mas aplaudo tudo o que a CP tem feito para perder menos.

Sou fanático da CP desde pequeno, tendo ficado incondicional desde uma viagem de ida e volta que fiz a Mannheim com ferroviários da CP cujo amor pelos "comboios" (palavra que eles nunca usam) me contagiou para sempre.

Custa-me que a CP perca dinheiro (como serviço público que é, como poderia não perder?), mas aplaudo tudo o que a CP tem feito para perder menos, sempre com o cuidado de não prejudicar os passageiros e os clientes.

Mesmo assim, há adorações que não admitem limites. É o caso. Segundo a notícia de Carlos Cipriano no PÚBLICO de anteontem, a "CP quis acabar com os comboios directos do Rossio para Sintra". Basílio Horta, o presidente da Câmara de Sintra (em quem eu não votei), conseguiu manter a ligação.

Tiro o chapéu a Basílio Horta. Lembro-me de ter lutado, há vinte anos atrás, pela manutenção dos horários nocturnos dos comboios Rossio-Sintra porque o melhor, mais engraçado, mais sábio, mais civilizado, mais generoso e mais inteligente anfitrião e barman português de todos os tempos (o Senhor Brito do Gambrinus) fez questão de lutar pelos colegas tecnicamente subordinados como se fossem (como eram) irmãos de armas.

Há um lustro (cinco anos) conseguimos vir morar na freguesia variada e abençoadíssima de Colares. Mal chegámos aprendemos que a melhor viagem de todas é da Praia das Maçãs até Sintra e (andando um pouco) de Sintra até ao Rossio.

Vai-se assim do Neptuno (ou do Búzio) até ao Gambrinus. Ou vice-versa. Sempre bem.

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