China e Android estão a arrefecer

Ritmo de crescimento das vendas de smartphones está abrandar, à medida que mais mercados, entre os quais a China, atingem uma fase de maturidade.

Foto
As vendas deverão crescer apenas 2,5% na China Greg BAKER/AFP

Tal como aconteceu em alguns países da Europa, no Japão e na América do Norte, os consumidores na China também já não estão ávidos de novos smartphones. Com o crescimento destes mercados a desacelerar, as vendas a nível global deverão continuar a subir, mas não com a força dos anos recentes.

As últimas estimativas da IDC apontam que o número de smartphones enviados para o retalho vai aumentar cerca de 11% ao longo de 2015. Ainda é uma subida significativa, mas é um ritmo muito menor do que nos dois anos anteriores. Em 2014, o crescimento foi de 28% e em 2013 tinha sido de 38%. 

Os consumidores na China, um dos motores importantes do sector, estão a dar sinais de que terminou a fase de explosão deste mercado. As previsões antecipam um crescimento de vendas de apenas 2,5% este ano, pela primeira vez inferior à média global. Um relatório anterior da IDC, lançado também este mês, já tinha indicado que, no primeiro trimestre, o mercado chinês tinha registado, pela primeira vez em seis anos, uma contracção em termos anuais. 

“A China é muitas vezes vista como um mercado emergente, mas a realidade é que a vasta maioria dos telefones vendidos na China são hoje smartphones, de forma semelhante aos outros mercados maduros, como os EUA, Reino Unido, Austrália e Japão”, afirmou então Kitty Fok, director da IDC naquele país. “Tal como nestes mercados, convencer os utilizadores existentes, bem como os utilizadores de telefones tradicionais, a fazerem a actualização para os novos smartphones será a chave para o crescimento futuro”.

O primeiro trimestre deste ano já mostrou ritmos de crescimento inferiores ao do mesmo período do ano passado, segundo dados tanto da IDC, como da Gartner, outra analista de mercado. 

De acordo com a Gartner, que divulgou um relatório nesta quarta-feira, as vendas cresceram 19% em todo o mundo no primeiro trimestre, atingindo 336 milhões de unidades. “Este crescimento foi impulsionado por vendas fortes de smartphones nos mercados emergentes (excluindo a China)”, refere a nota desta analista.

Já segundo a IDC, que publicou no final de Abril informação relativa ao primeiro trimestre, as vendas subiram 17%, para 337 milhões de telemóveis. No primeiro trimestre de 2014, a subida das vendas tinha rondado os 29%.

As duas analistas indicam a Samsung como líder de mercado nos primeiros três meses do ano, seguida pela Apple.

Para além do arrefecimento do mercado chinês, os números prevêem também um abrandamento na procura por telemóveis Android, o que, refere a IDC, está “de alguma forma relacionado” com a tendência observada na China. O Android é muito popular neste país, onde é usado por fabricantes locais que concorrem com multinacionais como a Samsung.

Em 2014, a China representou 36% das vendas de telemóveis com Android. Os fabricantes chineses, como a Xiaomi, que até aqui encontravam grande procura no mercado interno, estão agora a voltar-se para países emergentes.

O analista da IDC Ryan Reith, em comunicado, observou que o mercado global de smartphones “ainda tem muitas oportunidades nos próximos anos, mas dois segmentos que impulsionaram o crescimento dos anos recentes estão a começar abrandar”. 

As estimativas para 2015 trazem, no entanto, melhores notícias para a Apple e para a Microsoft.

Em parte graças a ter lançado dois modelos com ecrãs maiores (alguns consumidores optaram por modelos Android por preferirem ecrãs de grandes dimensões), a IDC antecipa um crescimento de 23% para a marca americana, cerca do dobro do mercado.

Já para o Windows Phone, da Microsoft, as vendas subirão 34%, embora o ponto de partida seja neste caso muito reduzido – a plataforma da Microsoft, que equipa sobretudo os modelos Lumia, da própria empresa, terão em 2015 uma quota de mercado de 3%.

Sugerir correcção
Comentar