Maria Nobre Franco

A Maria é a prova mais triste e convincente que conheço e me dói na alma que nunca devemos adiar o tempo que podemos passar com os nossos verdadeiros amigos.

A Maria Nobre Franco morreu sem avisar, como viveu: generosamente, sem partilhar nada que não fosse bom, bonito e feliz.

Espalhou vida e encanto, inteligência e riso por quem teve a sorte de ser amigo dela. Ela escolhia os amigos sem cuidados mesquinhos ou filtros preconceituosos. Era amiga de quem gostava e, se gostava de alguém (e gostava de muitas pessoas) perdoava-lhes muito.

Perdoava-lhes tanto como não se perdoava a ela própria: uma qualidade única, quase divina.

A Maria é a prova mais triste e convincente que conheço e me dói na alma que nunca devemos adiar o tempo que podemos passar com os nossos verdadeiros amigos, que são sempre aqueles de que gostamos mais mas que mais mal tratamos, pensando erradamente que sempre estarão lá.

A minha amizade com a Maria existiu desde o momento em que a conheci, quando casou com outro amigo potencial mas nunca vivido inteiramente, como eu queria: o Rui Valentim de Carvalho.

Aproveitem os amigos — novos e antigos (mas sobretudo os novos, que ainda não são verdadeiros) enquanto ambos estão vivos.

Esta é a mágoa não só minha mas de muitas pessoas que gostaram da Maria e de quem ela gosta. Mas a Maria era alegre, empática e moderna. Dizia, quando dizíamos "um dia há-de ser", que não fazia mal se nunca fosse, porque o mais importante já tinha sido.

É mentira. Não caia nesse erro tão gentil e generoso. As amizades que se criam merecem e ganham em ser abraçadas e crescidas.

Abrace-as já.

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