As "viagens filosóficas" tomam conta do Museu da Ciência

Foi de Coimbra que, no século XVIII, saiu a primeira expedição científica patrocinados pela Coroa com destino às colónias para documentar os recursos naturais do império. As “viagens filosóficas” vão ser a “jóia da coroa” da Noite dos Museus de Coimbra

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Colégio de Jesus
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No ano em que celebra os 725 anos, sob o tema “Tempo de Encontros”, a Universidade de Coimbra vai integrar os eventos da Noite dos Museus (que tem lugar este sábado, dia 16) no seu calendário de festas, também por ela acolher uma mostra muito especial no Museu da Ciência: a que resgata as espécimes recolhidas, os desenhos e as memórias dos quatro naturalistas que, formados naquela universidade, foram imbuídos da missão real de documentar os recursos naturais das colónias que constituíam o império. Ficaram conhecidas por “Viagens Filosóficas” — e os detalhes de cada um delas pode ser documentado numa infografia preparada pelo PÚBLICO.

Pedro Casaleiro, director do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, e o curador da exposição “Natureza exótica-Viagens filosóficas de naturalistas”, sublinha o casamento feliz que foi conseguido entre os espécimes que estão depositados no museu, com as ilustrações então feitas em cada uma das quatro viagens que tiveram lugar nos idos anos de 700. “Conseguimos documentar cada uma das viagens com recurso a ilustrações e outros artefactos que nos foram emprestados pela Universidade de Lisboa, espólio da Academia das Ciências e pelo Jardim Botânico da Ajuda”, afirma o director do museu, acrescentando que estarão em foco as quatro áreas científicas, a botânica, a geologia e a mineralogia, e também a zoologia, “esta última, necessariamente com menos espécimes”, argumenta.

Estas viagens filosóficas foram levadas a cabo por naturalistas formados no curso de Filosofia criado na Universidade de Coimbra em 1772: Joaquim José da Silva em Angola, Manuel Galvão da Silva em Goa e Moçambique , João da Silva Feijó em Cabo Verde, e Alexandre Rodrigues Ferreira no Brasil. A viagem ao Brasil será uma das mais documentadas, também porque Alexandre Rodrigues Ferreira foi o único que pôde fazer o trabalho em exclusividade, não tendo de o partilhar com funções de administração colonial. Todas estas expedições foram orientadas por Domingos Vandelli, um catedrático de Botânica da Universidade de Coimbra na altura também director do Jardim da Ajuda.

A área expositiva está dividida em duas partes, com a primeira a dar nota da preparação das viagens, e da particular importância que tinham os alunos da Casa do Risco - “as ilustrações eram importantíssimas, numa altura em que ainda não havia fotografias”, recorda Casaleiro. A inauguração está marcada para as 18h00, e, até às 24h00 não faltam argumentos para prolongar a visita ao Paço das Escolas e às instituições que integram a Rede dos Museus e participam nesta festa.

Existe um desdobrável para consultar toda a programação, que se estende a todo o fim de semana, e até segunda feira, Dia Internacional dos Museus, com destaque para as actividades educativas e observações astronómicas. A Visita Guiada ao Paço das Escolas está marcada para as 21h30 e é de entrada livre, por ordem de chegada. Já as entradas na biblioteca Joanina obedecem aos critérios do regime normal. 

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