Quatro concertos para reencontrar esse cara que é Roberto Carlos, "o Rei"

O cantor brasileiro regressa a Portugal nove anos depois da última visita. Esta quinta e sexta-feira na MEO Arena. Sábado e segunda-feira no Pavilhão Multiusos de Gondomar.

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Roberto Carlos em 2005, durante o concerto que o trouxe nesse ano ao Pavilhão Atlântico Miguel Madeira

Depois de há dez anos ter esgotado duas datas no Pavilhão Atlântico, o mesmo local, rebaptizado MEO Arena, esgotou novamente. Havia um concerto marcado, outro não tardou a ser assegurado. Outra coisa não seria de esperar. Não chamam a Roberto Carlos "O Rei" da música popular brasileira por acaso. Com mais de cem milhões de discos vendidos em toda a carreira, o rosto do Brasil roqueiro da Jovem Guarda, na década de 1960, o cantor romântico latino, que se tornaria modelo para todos os que vieram depois, a partir da de 1970 e até à actualidade, a voz de Calhambeque, Jesus Cristo ou As baleias estará em Portugal para três concertos. Esta quinta e sexta-feira, na MEO Arena (21h), sábado e segunda-feira no Pavilhão Multiusos de Gondomar (21h).

Distinguido há duas semanas nos Billboard Latin Music Awards pelo conjunto da sua carreira, Roberto Carlos, 74 anos cumpridos a 19 de Abril, há muito deixou de ser o cantor rebelde que, juntamente com Erasmo Carlos, levava o rock’n’roll ao coração do Brasil, sendo criticado pela comunidade bossa-nova pelo estrangeirismo forçado, e aplaudido pelos revolucionários musicais, como Caetano Veloso, que fariam o Tropicalismo. A eterna alvura do fato é hoje a sua imagem de marca, tal como as baladas românticas, como Mulher de 40, entre tantas outras, de que é feito parte substancial do seu repertório. Será esse Roberto Carlos, o cantor que no mundo latino só encontra par em Julio Iglesias, que subirá ao palco em Lisboa e Gondomar.

Em Portugal, o seu último disco editado é Roberto Carlos em Las Vegas, CD duplo e DVD gravado na capital norte-americana do entretenimento. Meses antes, lançara o segundo volume de uma colecção de duetos iniciada em 2006. Duetos 2 agrupa parcerias recolhidas nos especiais de fim de ano exibidos religiosamente há mais de três décadas pela estação televisiva Globo Nele, encontramos uma verdadeira galeria de notáveis da música brasileira, do velho companheiro Erasmo Carlos a Marisa Monte, de Jorge Bem Jor a Daniela Mercury, de Alcione aos Roupa Nova, de Rita Lee a Zezé di Camargo & Luciano, o que é testemunho do estatuto que, cinco décadas depois do início da sua carreira, mantém junto de todo o espectro da música brasileira e que parece manter-se intocável apesar das canções de maior fulgor criativo estarem guardadas no passado e das polémicas em que, de tempos a tempos, se vê envolvido.

Uma das mais recentes envolveu uma cena da mini série biográfica Tim Maia, que contava a história do lendário cantor soul e funk que em início de carreira, antes de se lançar a solo, formara com Roberto e Erasmo Carlos a banda Os Sputniks. Algumas cenas, que mostravam Roberto Carlos a destratar Maia, acabaram por ser cortadas da edição final. “Essas coisas estão deturpadas. Está havendo uma falta de ética de quem colocou isso no filme”, comentou à UOL, em Fevereiro último, negando ainda qualquer responsabilidade pela eliminação das cenas da polémica na edição final: “Isso tem que perguntar para quem fez”.

Tudo somado, as polémicas parecerão apenas pormenores. Nos próximos três dias, os fãs portugueses do Rei vão tê-lo por perto. Durante uma hora e meia, duração prevista do concerto, vão vê-lo e ouvi-lo, vão recordar as canções que lhe deram o trono. Que mais pode um fã querer? “Esse cara sou eu”, cantará Roberto Carlos. E é esse cara que o público quer.

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