PDF é o novo espaço criativo do Politécnico do Porto

IPP abre espaço de trabalho interdisciplinar virado para a arte, cultura, indústria e sociedade civil. Objectivo é envolver 1000 estudantes nos próximos dois anos, abordando “desafios locais de uma perspectiva internacional”

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Os vários relógios que estão à entrada do Porto Design Factory (PDF) indicam o fuso horário de todos os espaços desta rede, uma espécie de plataforma colaborativa nascida em 2008 na Universidade de Aalto, Helsínquia. Assim se aproximam os núcleos da Design Factory Global Network (DFGN) que, desde esta segunda-feira, 11 de Maio, tem presença no Porto, pela mão do Instituto Politécnico da cidade. A ocasião foi apadrinhada pela presidente do Instituto, Rosário Gambôa, e pelo fundador da Design Factory, Kalevi Ekman, que se juntou ao pequeno-almoço na cozinha do PDF, em videoconferência com os colegas da Finlândia.

Rui Coutinho, professor do ISCAP e coordenador da Design Factory portuense, explica que o PDF serve antes de mais para “derrubar as barreiras geográficas e científicas” decorrentes do próprio organigrama do IPP. “O Porto Design Factory é um ponto de encontro do universo politécnico”, diz, em conversa com o P3.

O espaço funciona num prédio de três andares com terraço onde anteriormente estava a Fundação do IPP. Em comum com as outras DF espalhadas pelo mundo só o “hugging point”, uma espécie de ponto de encontro no átrio em que os “habitantes”, como Rui Coutinho gosta de chamar a quem ali trabalha, são convidados a abraçar o que, ou quem, lhes apetecer.

Formar pessoas, não start-ups

Apesar de partilhar algumas dessas características, o PDF não é uma incubadora ou um espaço de co-working — e a prioridade não é fazer nascer start-ups. “Somos uma plataforma orgânica de co-criação, mas não nos cabe a nós querer ter incubadoras, os estudantes sabem fazer isso muito melhor”, garante o docente, que sublinha: “Queremos formar pessoas”. A hierarquia, embora presente, não afecta o funcionamento e a informalidade do espaço porque “a organização existe, mas pretende ser algo invisível”.

É aí que entra um dos aspectos que o coordenador do PDF julga mais relevantes. “Os estudantes é que mandam, eles vêm em primeiro, segundo e terceiro lugares” e a responsabilização dos mesmos é total porque, continua Rui Coutinho, “a Factory ajuda a criar melhores cidadãos”. Sobre as limitações de âmbito, o professor do ISCAP é conclusivo: “Desde que haja conhecimento a partilhar, para nós faz sentido.”

Lá dentro reina a variedade. Tanto cabem os estudantes que estão a desenvolver um carro para participar na Fórmula Student, como os que desenvolvem impressoras em 3D para uso caseiro, bem como várias start-ups na área da inovação social, entre outros. Por agora, o PDF tem “entre 12 a 15 projectos”, envolvendo “cerca de 200 pessoas semanalmente” que circulam por este edifício em que “os estudantes co-criam o seu processo educativo”.

Cada “habitante” deve pagar a estadia dedicando 5% do seu tempo à casa e o conceito funciona mesmo que “ninguém controle essas horas”, por haver uma unanimidade à volta do paradigma colaborativo. Tanto é assim que Rui Coutinho conta que já lhe aconteceu entrar pelo PDF e alguém vir ter com ele para lhe oferecer ajuda. “Tive de explicar quem era, mas achei isso muito interessante.” A estadia de cada projecto varia porque no PDF não se contratualiza “duração, mas objectivos”.

No próximo ano lectivo tem início a pós-graduação de Stanford em desenvolvimento de produto e o PDF tem também projectos educativos com a Universidade de Aalto e com o CERN, além de aulas abertas e cursos livres. A DFGN está distribuída por 11 instituições de ensino ao longo de quase 8000 metros quadrados de espaço de trabalho, em todo o mundo. Porto, Helsínquia, Xangai, Melbourne, Santiago do Chile, Genebra, Seul e Leeuwarden são as cidades que já acolhem um espaço destes. Ainda este ano, Riga e Filadélfia vão juntar-se à rede. 

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