Falso inspector da PJ conseguiu milhares de euros burlando pessoas em todo o país

Reformado por invalidez assumiu a identidade do inspector da Judiciária que o investigou e prendeu quando saiu da cadeia, onde cumpriu pena por tráfico de droga, roubo e passagem de moeda falsa. Burlou mais de 30 pessoas.

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Terá sido durante o tempo em que esteve preso por tráfico de droga, roubo e passagem de moeda falsa em Leiria que a ideia lhe surgiu, segundo a PJ. Em Abril de 2014, já em liberdade, um homem de 29 anos, reformado por invalidez, inspirou-se no inspector da Judiciária que antes o investigou e prendeu e assumiu a sua identidade.

Durante um ano, apresentando-se como polícia, conseguiu burlar mais de 30 pessoas e assim arrecadar milhares de euros. Estudava as vítimas, aproximava-se delas e dos vizinhos para investigar as suas vulnerabilidades e a sua história de vida e depois abordava-as por telefone, cujo número directo também descobria. A maioria das vítimas são comerciantes.

O falso polícia, caracterizado pela PJ pelos seus métodos esquivos, foi detido no domingo depois de procurado sem sucesso há alguns meses. Vai aguardar julgamento obrigado a apresentar-se diariamente na polícia em Leiria e proibido de se ausentar para o estrangeiro.

“Estamos a falar de um burlão extremamente sedutor que conseguia convencer as suas vítimas ao telefone para que lhe depositassem dinheiro num NIB que indicava. Uma vez descobriu que um comerciante tinha o neto preso. Convenceu-o de que o conseguia tirar da cadeia e o homem transferiu-lhe cerca de 400 euros”, explica o coordenador da PJ de Leiria, António Sintra.

O suspeito apresentava-se essencialmente como inspector da PJ, mas também usou outras entidades como inspector da Autoridade Tributária, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, da Autoridade para as Condições no Trabalho e mesmo juiz “para a obtenção de enriquecimento ilegítimo por meio de engano que incutiu em dezenas de vítimas”.

A PJ destaca-o como um verdadeiro nómada que andava por todo o país a cometer burlas e alugava depois, com o dinheiro conseguido, quartos em hotéis, pensões e, por vezes, casas. “A burla era o seu modo de vida”, acrescenta António Sintra. O arguido, indiciado por burla qualificada e usurpação de funções, nunca tentava convencer as vítimas presencialmente. A burla era sempre cometida através de contacto telefónico, pelo que tinha vários telemóveis descartáveis.

No âmbito do plano que criava para cada alvo, o homem fazia crer as vítimas de que tinham penhoras, coimas ou execuções pendentes, o que muitas vezes eras verdade. Convencia-as depois de que poderia resolver o problema mediante uma contrapartida monetária transferida para contas bancárias de amigos e a uma companheira. Algumas pessoas saberiam dos seus objectivos e por isso a PJ continua a investigação para recolher provas contra cúmplices e descobrir mais vítimas. 

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