Tendências globais reunidas em base de dados criada por fundação portuguesa

Projecto foi impulsionado por Miguel Poiares Maduro quando trabalhava no instituto universitário europeu.

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Portugal é o oitavo país com a população mais envelhecida do mundo Pedro Cunha

"Querem ir lá acima ver a vista?" O convite é do ministro Miguel Poiares Maduro e parece irrecusável. Da varanda do Instituto Universitário Europeu avista-se Florença, cidade italiana a que o ministro regressou para apresentar um projecto que ajudou a impulsionar há cinco anos: uma base de dados mundial sobre tendências da globalização e desenvolvimento.

Quantos somos no mundo e quanto tempo vivemos é uma das muitas perguntas a que conseguimos encontrar resposta na  base de dados Globalstat desenvolvida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) em conjunto com o Instituto Universitário Europeu, sediado em Florença e onde o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional dava aulas antes de integrar o governo de Passos Coelho.

“É uma ferramenta democrática, permite melhorar a qualidade da democracia e das políticas públicas”, afirmou Poiares Maduro, na apresentação do projecto lançado esta quinta-feira. Disponível em www.globalstat.eu, o portal é gratuito e agrega informação estatística de mais de 80 fontes de informação.

Entre os indicadores de 193 países que fazem parte das Nações Unidas, há um dado português que sobressai. “Portugal é o oitavo país com a população mais envelhecida do mundo inteiro”, apontou o ministro em declarações aos jornalistas. “Isso permite aos cidadãos perceberem os desafios que temos a nível da sustentabilidade da segurança social”, exemplificou.  

O portal está dividido em 12 áreas temáticas (demografia, desenvolvimento económico e comércio, energia e recursos naturais, ambiente, actividades e estrutura financeira, alimentação, agricultura e pescas, liberdade, conflitos e riscos, governança, saúde e condições de vida, desenvolvimento humano e social, mobilidade humana e desenvolvimento tecnológico) e inclui dados desde os anos 60 até à actualidade.

O ministro sublinhou tratar-se de um instrumento capaz de “melhorar o processo de decisões políticas e com isso melhorar as políticas públicas”. Mas não só. Permite uma maior “transparência e escrutínio democrático por parte dos cidadãos”.

Essa foi também o teor da justificação dada por Pedro Magalhães, director científico da FFMS. “Ainda temos falhas de conhecimento na nossa sociedade”, afirmou, durante a apresentação do portal, lembrando que os “mass media estão numa crise profunda”. O conhecimento, prosseguiu, “é muitas vezes orientado por palpites e opiniões” quando uma decisão democrática “deve ser baseada em factos”.

Para o presidente da FFMS, Nuno Garoupa, o Globalstat é um “instrumento de cidadania” que permite a perceber “como é que Portugal se pode comparar com outros países” da Europa e do mundo. Até porque o conteúdo do portal não é apenas os indicadores macro-económicos como o Produto Interno Bruto e outros. Nuno Garoupa reconhece que “é uma espécie de Pordata [base de dados sobre Portugal desenvolvida pela FFMS] à escala mundial”. Recusando qualquer papel político do projecto, o presidente da FFMS considera ser um “estímulo” para o cidadão.  

No mesmo edifício do Instituto Universitário Europeu decorria o segundo dia da conferência sobre o Estado da União – que Passos Coelho encerra esta sexta-feira. Poiares Maduro esteve acompanhado por Jaime Gama, ex-presidente da Assembleia da República e membro da administração da FFMS. Jaime Gama esteve no lançamento do projecto e até experimentou navegar no portal num dos computadores disponíveis na sala da apresentação da base de dados. O ministro ainda gracejou com as presidenciais, mas do antigo governante socialista só recebeu um sorriso generoso. 

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