Vírus do ébola: o embuste (conclusão)

Agora que a psicose mediática passou, a verdade começa a vir ao de cima. Uma verdade perturbadora.

“Ao contrário da ideia com que se fica pela leitura da imprensa, não existe qualquer razão para recear que o vírus do ébola se possa transformar numa epidemia à escala mundial”... “Semear o pânico pode ser um negócio muito lucrativo que importa desmontar”... A psicose informativa vigente tem de ser urgentemente desmontada e desmascarada”... escrevia o autor deste artigo no PÚBLICO de 4/9/14.

Passados que são seis meses, quem se interessa ainda pelo Ébola? A armada americana partiu dia 26 de Fevereiro último e não há mais nenhum caso na Libéria desde há uma semana. O Ébola fez 4057 vítimas neste país, o mais tocado pela epidemia.

Mas agora que a psicose mediática passou, a verdade começa a vir ao de cima. Uma verdade perturbadora.

Todos os dias, de Setembro a Novembro de 2014, os jornais, as rádios, as televisões e sites de informação da Internet, comentavam em uníssono que a África Ocidental estava a ser “devastada”, que as pessoas ”caíam que nem tordos por todos os cantos”, que os “cadáveres atulhavam-se nas ruas”, que “nada seria como antes”, que as “culturas locais estavam destruídas”, que se tinham esgotado os recursos para lutar contra a mais grave pandemia que jamais alguma vez ameaçou a humanidade.

Passados meia dúzia de meses…nada. Em algumas semanas, o ébola praticamente desapareceu da paisagem mediática.

Desde a primeira hora que me pareceu que em toda esta história havia algo de bizarro. Falavam-nos de milhares de mortos. Duma doença que matava 9 em 10 pessoas. Do pior vírus que alguma vez existiu...

Mas os números não colavam.

O que infelizmente cola e bem são os oito milhões e setecentos mil africanos que morrem todos os anos de doenças. Só a diarreia mata, todos os dias, 2.195 crianças e o paludismo, todos os anos, entre 1 e 3 milhões de pessoas.

No que diz respeito ao Ébola, a escala nunca foi a mesma. Depois de seis meses de epidemia (3.338 mortos, desde o princípio da epidemia em Abril de 2014 até 28 de Setembro de 2014) nunca se falou de vários milhares de mortos por dia como para as outras doenças, mas de vários milhares de mortos no total.

Por muito trágicas e tristes que sejam estas mortes, elas não representam senão 0,035% do total.

Porquê então uma tal psicose, perguntar-se-á?

A febre hemorrágica ébola era, parecia, excepcionalmente perigosa, por muito contagiosa, asseguravam-nos.

Era falso.

O ébola não é uma doença muito contagiosa. A grande parte dos especialistas sabiam-no desde o princípio. Como disse no artigo do Público, ela não se transmite senão pelo contacto directo com os fluidos corporais – vómitos, sangue, fezes – sobre uma ferida ou uma mucosa (boca, nariz, olho).

Ninguém a pode contrair pelo simples contacto com a mão dum doente e, ainda menos, pelo ar, como acontece com a gripe.

Como bem explicava a OMS no seu site: “A transmissão necessita dum contacto directo com o sangue, secreções, órgãos ou líquidos biológicos da pessoa ou animal infectado, vivo ou morto, portanto exposições pouco prováveis para o viajante lambda”.

Mesmo sabendo-se que um vírus muda muito dificilmente de modo de transmissão, que mesmo em caso de mutação era altamente improvável que a epidemia do ébola mudasse e se propagasse massivamente, o que aconteceu foi que no seguimento duma campanha impressionante de relações públicas, a OMS e os governos ocidentais decidiram gastar centenas de milhões para lutar contra o ébola.

Hoje, sabe-se que entre as despesas dos Estados Unidos, da OMS, de todos os países europeus, dos governos locais e de todas as organizações humanitárias, a despesa total foi de 2,4 biliões de dólares (Ebola: les pays touchés demandent une aide massive).

Que esforço lindo de solidariedade!

Ponhamo-nos agora na pele das populações locais. Vítimas de guerras atrozes e de governos corruptos que as vêem ser massacradas sem as defender, elas vêem os seus filhos morrer à míngua do mínimo: de água potável, de vitaminas, minerais, em suma, de alguns euros.

Sabendo-se que a epidemia do ébola fez 9.700 mortos, o que se gastou representa, por contraste, mais de 230.000 dólares por cada óbito (Ebola: les pays touchés demandent une aide massive).

Ora 230.000 dólares representam, para que se saiba, salvar 230.000 crianças da diarreia (as associações humanitárias afirmam que se pode salvar uma criança deste flagelo com apenas um dólar).

Esta soma permitiria ainda cuidar entre 4.000 e 6.000 de doentes com paludismo. Mas para isto já não há verba!

Pensarão alguns que todo o dinheiro gasto com o ébola permitiu evitar uma pandemia mundial. É verdade que os números avançados pelas autoridades eram angustiantes. Em Setembro de 2014, os peritos do Centro para o controlo de doenças dos Estados Unidos, previram que em Janeiro de 2015 a epidemia abrangeria 1,4 milhões de pessoas na Libéria e na Serra Leoa.

Só que na realidade, o número total de casos de ébola em toda a África Ocidental, até ao presente, não de óbitos, mas de pessoas atingidas pela doença, não foi mais que 22.894.

Ou seja, desde há quase um ano a “pandemia” instalada numa zona que conta com 21 milhões de pessoas afligiu só 1 pessoa em 10.000 possíveis.

Para o ébola, os “peritos” enganaram-se assim em 70.000 % nas suas previsões, há quatro meses.

Como tinha previsto no artigo do PÚBLICO, agora que os Land Rover equipados com telefones satélites e os aviões partiram, há só um vencedor claro: a indústria farmacêutica, com as suas maciças campanhas de vacinação em África e a difusão dos seus novos medicamentos-milagre.

O facto de a epidemia ter abrangido somente um número restrito de pessoas, não vai impedir a venda de milhões de medicamentos financiados pela generosa “comunidade internacional” (com o dinheiro dos nossos impostos), cujos fundos aterrarão directamente nas contas das companhias farmacêuticas.

Alegrem-se os africanos: dentro de muito pouco tempo chegarão a África milhões de bênçãos, perdão, de doses, que lhes salvarão as vidas!

Médico, doutorado em Ciências da Educação e diplomado em medicina anti-envelhecimento

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