Cerca de 200 pessoas resgatadas no Evereste

Três helicópteros apoiaram salvamento dos alpinistas presos na montanha mais alta do mundo, depois de avalanche que ali matou 18 pessoas no sábado.

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Helicópteros chegaram esta manhã ao Evereste Roberto Schmidt / Reuters

As primeiras equipas de resgate chegaram esta segunda-feira ao Evereste para socorrer as várias centenas de alpinistas que se encontram no pico mais alto do mundo. Uma avalanche na sequência do terremoto que abalou o Nepal provocou no sábado pelo menos 18 mortos, naquela que já é a pior tragédia no local.

No domingo, o primeiro grupo de sobreviventes da avalanche já tinha chegado a Katmandu. Khile Sherpa era um deles e descreveu à Reuters o desastre. “Era um som monstruoso, como se demónios estivessem a descer a montanha”, recordava o jovem de 20 anos enquanto aguardava tratamento num hospital da capital nepalesa.

O abalo causado pelo sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter no Nepal originou uma avalanche que surpreendeu os alpinistas que se encontravam no Evereste – o local a 5270 metros de altitude de passagem obrigatória para quem tenta alcançar o cume. À hora do terremoto, havia cerca de 800 pessoas em diversos pontos da montanha, segundo a AFP.

As avalanches continuaram durante o fim-de-semana, sempre na sequência de réplicas do sismo inicial, mas o balanço de 18 mortos manteve-se. Nos campos 1, a 6400 metros de altitude, e 2, a 6750 metros, ficaram presas cerca de 210 pessoas, segundo dados do Ministério do Turismo nepalês.

A ajuda chegou na manhã de segunda-feira. Aproveitando o céu limpo, três helicópteros foram enviados para a montanha para resgatar os alpinistas isolados. “Por volta das 11h da manhã uma janela climática abriu e começámos a receber vítimas (…) recebemos 65 feridos do campo-base, a maioria com traumatismos, incluindo costas partidas”, contou ao Guardian Ben Ayers, director de um grupo de apoio a zonas rurais. “Vimo-los e conseguimos enviar todos os pacientes que não conseguiam andar para Katmandu”, acrescentou.

A maioria dos alpinistas presos nos Campos 1 e 2 foi resgatada, mas muitos permanecem em altitudes superiores, segundo a BBC. Há ainda cerca de 300 montanhistas na região de Langtang, na fronteira com o Tibete, que estão “a salvo, mas não têm comida suficiente”, disse o director-geral do Turismo, Tulsi Gautam.

Com o início da Primavera, começa também a principal época da escalada nos Himalaias. Até ao fim de Junho, as principais rotas para subir os 8850 metros do Evereste têm autênticos engarrafamentos, com dezenas de expedições diárias. Calcula-se que tenham chegado ao cume 658 pessoas só em 2013, a maioria durante esta temporada.

Entre as pessoas isoladas nos Himalaias estão quatro portugueses que já revelaram à agência Lusa estar bem. Luís Almeida, um dos participantes da expedição, disse já ser o quarto ano consecutivo em que fazia montanhismo na região e revelou que o grupo montou uma base a 4400 metros.

Ao impacto humano que a tragédia teve no Nepal podem juntar-se agora repercussões negativas em termos económicos. É expectável que a afluência dos chamados “turistas de aventura” diminua consideravelmente até ao fim da temporada. A China já anunciou o cancelamento de todas as expedições programadas para os próximos meses para o lado Norte do Evereste, revelou a agência Nova China. Num dos países mais pobres do mundo, o turismo é uma das actividades mais importantes, representando cerca de 4% do PIB.

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