Receitas da Microsoft sobem, com Windows em queda e nuvem a crescer

Lucros desceram 12%, penalizados em parte pelas despesas associadas à compra dos telemóveis da Nokia.

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Satya Nadella tem a missão de mudar a Microsoft Saul LOEB/AFP

As contas da Microsoft mostram a transformação que a empresa tem tentado fazer nos tempos recentes. Tanto as receitas das vendas de serviços online, como as de publicidade no motor de busca Bing e ainda as da venda de tablets Surface cresceram nos primeiros três meses do ano. Pelo contrário, o negócio do sistema operativo Windows, o produto por que a Microsoft se tornou uma gigante mundial e que é historicamente uma das grandes fontes de receita, continua em queda.

Nos resultados apresentados esta semana, a Microsoft indica que as receitas dos serviços comerciais online (os serviços na cloud) subiram 106% e a companhia extrapola que, em termos anuais (vários destes serviços são pagos anualmente) representariam uma facturação 6,3 mil milhões de dólares. Nestes serviços incluem-se uma versão online do Office, chamada Office 365, e a plataforma Azure, que serve para empresas criarem os seus próprios serviços e aplicações acessíveis via Internet.

"Assistimos a um incrível crescimento nos nossos serviços de cloud neste trimestre", frisou, em comunicado, o presidente executivo, Satya Nadella. Antes de assumir o cargo cimeiro, Nadella era responsável por esta área e desde que substitui Steve Ballmer definiu-a como uma prioridade.

Já as receitas de publicidade no Bing subiram 21%, com a Microsoft a reclamar uma quota de 20% do mercado. 

Por seu lado, o negócio de venda do Windows a fabricantes de computadores continuou a descer, afectado por uma versão que não atraiu os consumidores e pelo declínio do mercado dos computadores pessoais. 

Feitas as contas, a Microsoft obteve receitas de 21,7 mil milhões de dólares, uma melhoria de 6% em relação ao mesmo período do ano passado, e lucros de 4985 milhões, o que significa uma quebra de 12%.  

A empresa diz que os resultados sentiram o impacto de 190 milhões de dólares de custos relacionadas com a incorporação do negócio de telemóveis da Nokia, bem como das "despesas de reestruturações" que foram anunciadas no ano passado. Em Julho, a Microsoft anunciou o despedimento, faseado, de 18 mil funcionários, o maior corte da sua história, correspondente a 14% da força de trabalho. Para além disto, os números sofrem também com o fortalecimento recente do dólar face a outras divisas, nomeadamente o euro. Esta situação penaliza o negócio da multinacional quando se trata de converter a facturação conseguida fora dos EUA. 

Os resultados trimestrais mostram ainda um aumento de procura dos tablets Surface. As receitas com estes aparelhos cresceram 44% nos primeiros três meses deste ano, por comparação com o mesmo trimestre de 2014.  

Foi há quase três anos que a Microsoft começou a produzir equipamentos de marca própria, em vez de se dedicar apenas ao sistema operativo e ao software que fazem estas máquinas funcionar. Desde então, os Surface (bem como o Windows que os acompanha) têm estado longe de ser um sucesso no mercado. No mês passado, a empresa apresentou uma nova versão da gama mais baixa do Surface, que surgiu pela primeira vez com o sistema Windows 8, em vez do mais limitado Windows RT, que foi um fiasco desde o lançamento.

A Microsoft vendeu ainda 8,6 milhões de smartphones, conseguindo receitas de 1,4 mil milhões de dólares.

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