À procura do património "apagado" das ruas de Lisboa

Iniciativa do Fórum Cidadania Lisboa é inspirada na página Porto Desaparecido, que elegeu recentemente as "7 Maravilhas Desaparecidas do Porto".

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Uma das sugestões diz respeito ao antigo Teatro e Cinema Monumental, no Saldanha, demolido em 1984 Carlos Lopes/Arquivo

Quando pensa em Lisboa, que edifício, lugar ou tradição lhe vêm à ideia mas já não existem? Ou quais foram alterados ao longo do tempo? As perguntas são um desafio do Fórum Cidadania Lisboa e as respostas vão ajudar a fazer a lista das “10 marcas apagadas de Lisboa”.

A iniciativa é, por um lado, um exercício de memória para “não esquecermos ou repetirmos os erros do passado”, explica o movimento cívico em comunicado. É “um modo de lembrarmos o que desapareceu e situar aqueles que nada fizeram ou contribuíram para a sua desfiguração”. Por outro lado, esta é uma forma de “homenagear Lisboa e os seus habitantes e todos aqueles que a construíram”, acrescenta a nota.

Os interessados em participar na eleição das “10 marcas apagadas de Lisboa” podem fazê-lo até 9 de Maio. “Durante 15 dias propomos aos lisboetas e amantes desta cidade que nos sugiram lugares, edifícios, tradições lisboetas que já não existem e/ou foram desfigurados e que, naturalmente e para nossa grande pena, já não existem ou que, eventualmente, possam voltar”, refere o Cidadania Lisboa.

Findo o prazo para a entrega de sugestões (que podem ser enviadas para forumcidadanialx@gmail.com), o Fórum Cidadania Lisboa irá elaborar a lista dos 20 mais sugeridos – cada pessoa pode sugerir o nº de locais/edifícios, tradições que entender. A lista final será feita com base nos dez edifícios ou locais mais votados. “No final, a lista será enviada a quem tem permitido e promovido o desaparecimento das marcas”, diz Paulo Ferrero, fundador do movimento, referindo-se por exemplo à Câmara de Lisboa.

As sugestões podem dizer respeito a marcas que se perderam mais recentemente – como o antigo Teatro e Cinema Monumental, no Saldanha, demolido em 1984; o Mercado da Figueira, demolido em 1949; ou os antigos Armazéns do Chiado, que arderam no incêndio de 1988 – ou a outras mais antigas. “Já houve quem indicasse o Paço da Ribeira”, diz Paulo Ferrero. O Paço Real da Ribeira, mandado construir por D. Manuel I na zona ribeirinha, foi um dos principais edifícios da cidade que ruiu com o terramoto de 1755.

Segundo Paulo Ferrero, a iniciativa é inspirada numa votação semelhante feita na página Porto Desaparecido, de Marina Tavares Dias (olissipógrafa e autora do livro Lisboa Desaparecida) e Mário Morais Marques, que escreveram um livro com o mesmo nome. Nesta página na rede social Facebook, com 71 mil seguidores, são publicadas fotografias e imagens sobre locais ou tradições antigas que constituem o imaginário da cidade do Porto. Entre Janeiro e Março, os administradores promoveram um concurso para eleger as “7 Maravilhas Desaparecidas do Porto” – os vencedores, divulgados a 31 de Março, foram o Palácio de Cristal, a calçada portuguesa e jardins dos Aliados, a Ponte Pênsil, a Porta da Vandoma, o Café A Brasileira, o Estádio das Antas; e a Estação de Recolha da Boavista.  

Desde esta quinta-feira, os membros do Fórum Cidadania Lisboa já receberam mais de 20 propostas. “Numa altura em que as cidades competem no mundo pelo que as diferencia, a eliminação de elementos únicos e característicos deve ser algo que nos preocupa. Participar é um acto de cidadania”, sublinham.

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