Desobedoc: cinema livre e insubmisso em homenagem a Manoel de Oliveira

A segunda edição do Desobedoc, de 24 a 26 de Abril, no cinema Trindade, no Porto, homenageia o cineasta Manoel de Oliveira

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A primeira edição do Desobedoc ocorreu no ano passado e celebrou os 40 anos do 25 de Abril. Este ano, o cinema Trindade, no Porto, vai receber entre 24 e 26 de Abril a sua segunda edição, que abre com um filme de Manoel de Oliveira, "A Caça", que é homenageado nesta segunda mostra de cinema.

José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, faz parte da organização do Desobedoc e, em conversa ao JPN, falou do programa e do cariz deste evento. “Nós sempre quisemos associar esta mostra ao espírito de desobediência que está na origem da revolução. A revolução do 25 de Abril é, antes de mais, um acto de desobediência em relação ao regime que existia. Entendemos que essa desobediência é justamente a necessária para os dias de hoje, numa Europa que está dominada pela austeridade e onde a ortodoxia que manda tem produzido um estado do mundo, do continente e do país que nós contestamos”, explica.

“Vamos ter algumas estreias, nomeadamente a estreia de um filme muito bonito de Carmen Castillo, que é um filme de homenagem ao Daniel Bensaid, que era um crítico francês que morreu, sendo que não é um filme sobre Daniel Bensaid, mas é um filme sobre aqueles que pelas suas lutas prolongam as convicções e os compromisso sociais do filósofo.” Para além desta referência ao documentárioEstamos Vivos“, o deputado, que está à frente do Desobedoc, sublinhou ainda outro pormenor.

“Também é bastante simbólico o facto de reabrirmos o que é um cinema clássico da cidade, um espaço histórico ligado à história do cinema e que está fechado. Reabri-lo por três dias não é ainda devolvê-lo à cidade, mas é uma forma de permitir que a cidade possa também usufruir desse espaço. Parece-nos", conclui, "que é um gesto importante no momento em que nós vivemos também”.

Nestes três dias, será possível ver filmes de Jean Vigo, "Um zero à esquerda" ou "O fundo do ar é vermelho", de Chris Marker, em sessão dupla, mas também obras de Solveig Nordlund e Ken Loach. A entrada é gratuita.

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