Não é Hollywood, não é Bollywood, é Dhallywood

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A primeira vez que Sarker Protick entrou num estúdio de cinema, no Bangladesh, onde nasceu, foi como se tivesse descoberto um novo mundo. "Decidi fazer um trabalho ali, imediata e instintivamente. A atmosfera, as cores, os cenários artificiais, as personagens, tudo me inspirava!" confessou ao P3 o fotógrafo, autor do projecto "Love Me or Kill Me". Em Dhaka, na capital do país, existe desde os anos 50 do século XX uma resistente indústria filmográfica, denominada "Dhallywood", de influência fortemente "bollywoodesca". O enredo é clássico: um casal apaixonado, um vilão que tenta dividi-lo, um herói que tenta recuperar a donzela e um final feliz. Os actores interpretam os seus papéis com exagero dramático, fazendo aumentar a distância entre o argumento do filme e a vida real. Os detalhes são estranhos, mesmo bizarros, os cenários, adereços e efeitos especiais são fracos, baratos, e as cores vibrantes e ousadas. "No primeiro dia vi, pelo menos, dez tipos (membros de um gangue) vestindo exactamente as mesmas túnicas assedadas vermelhas, muito brilhantes. Não conseguia tirar isto da cabeça. Esta sensação de 'plástico' é muito importante neste trabalho. Acho que a superficialidade é um dos aspectos centrais deste tópico e eu, pessoalmente, acho isso fascinante", comenta o autor. A icónica linguagem visual de Protick valeu-lhe, este ano, mas com outro projecto — "What Remains" — um prémio da World Press Photo. Sobre a forma como fotografa, Protick acredita que o mais importante "é saber quando, como, o que fotografar e o que não fotografar". "Decido sobre que luz farei a imagem e quais os objectos e cores que devem estar presentes no enquadramento. Para mim, é como compôr uma música. O conteúdo/história é a letra. A estética é a melodia, a orquestração, a notação da música." Sarker era músico e compositor, até que, aos 24 anos de idade, descobriu a fotografia; actualmente é professor na Pathshala South Asian Media Academy.