Atelier Vírgula i ganha prémio internacional de Arquitectura

Os Vírgula i conduziram a renovação e ampliação do Hotel Minho, em Vila Nova de Cerveira, e com isso venceram uma medalha de prata no A’Design Award. Jovens arquitectos do Porto têm apostado na reabilitação urbana

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Nelson Garrido

A renovação e ampliação do Hotel Minho, em Vila Nova de Cerveira, valeu ao colectivo de arquitectos Vírgula i a medalha de prata no concurso internacional A’Design Award, a entregar este sábado, 18 de Abril, no Lago de Como, em Itália. Os jovens arquitectos do Porto partilham a distinção com o projecto do "cockpit" de primeira classe da China Airlines.

Pedro Guedes, Leonor Macedo, JP Pereira e Teresa Aguiar (os três primeiros com 36 anos, a última com 35) foram convidados para idealizarem o projecto, cuja parte principal passava pelo spa: “Tinha de ser diferenciado, de alguma dimensão, com muita luz natural”. “Nada a ver com os spa urbanos”, explicou JP. Isto porque o cliente queria “diferenciar o Hotel Minho e torná-lo num pólo de atracção por si só", acrescentou ao P3. 

Para renovarem a unidade hoteleira, que já existe desde 2006, os Vírgula i precisaram de quatro anos. O spa, os espaços sociais e um novo piso para eventos e congressos eram os três pontos mais importantes. “Os gabinetes de massagem relacionam-se muito com a imagem do espigueiro do Alto Minho”, refere JP, para quem a intenção era ligar “as arquitecturas contemporânea e vernacular da região”. “O projecto foi crescendo, desenvolvendo-se: o cliente tinha uma ideia inicial mas o "wine bar", por exemplo, nem estava incluído”, diz Teresa.

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Leonor, Pedro, JP e Teresa formam o colectivo Vírgula i Wandson Lisboa

A imagem de marca deste trabalho de arquitectura é, para os jovens, a introdução da madeira de castanho, esquecida nos últimos anos. “Tudo isto é uma reflexão contemporânea sobre o que são os materiais, as carpintarias, a madeira, num equilíbrio entre a modernidade e as referências do passado”, resume JP. A decoração do hotel também é resultado da intervenção dos Vírgula i, que procuraram ultrapassar “a separação entre o que é o interior e o exterior”.

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A portuguesa madeira de castanho assume um papel relevante no projecto Nelson Garrido

Vírgula i, onde cabe sempre mais um

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Os gabinetes de massagem relacionam-se com a imagem do espigueiro do Alto Minho Nelson Garrido

Juntaram-se, em 2012, porque acreditam que “acompanhado se está melhor do que sozinho”: Pedro e Leonor passaram por Madrid, Basileia e Zurique; Teresa esteve em Berlim e Roterdão; JP andou mais por Portugal. Decidiram “regressar às origens” quando muitos colegas da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto — onde todos estudaram — saíram do país.

Pelo terceiro ano consecutivo, vão trabalhar com o Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada num projecto de “arquitectura efémera”. Em curso está também a reabilitação de uma casa na Rua de Cedofeita e outra no Passeio das Fontainhas, ambas no Porto. E, mais recentemente, venceram um concurso para a expansão e reabilitação de um outro hotel, no Porto, de carácter histórico — e cujo nome ainda não pode ser revelado.

“A arquitectura não está num momento muito fácil mas, como em qualquer trabalho, se nos divertirmos ao fazê-lo, então vale a pena”, acredita Pedro. “Tentamos sempre ter uma atitude bem disposta e descontraída”, diz. É por isso que escolheram ser um colectivo flexível: no nome, Vírgula i, cabe sempre mais alguém. E no escritório, que ocupa um último andar da Baixa do Porto, também.

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