A retoma ainda não chegou ao carrinho de compras

Portugueses continuam a comprar menos e reduziram as visitas às lojas no primeiro trimestre. Cadeias de hiper e supermercados reforçam promoções.

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Nos primeiros três meses, 55% de cestas de compras tinha pelo menos um artigo em promoção Enric Vives Rubio

Os portugueses continuam a reduzir o número de visitas às lojas e a comprar menos produtos de grande consumo, como artigos de mercearia ou detergentes. Os dados da consultora Kantar Worldpanel referentes ao primeiro trimestre dão conta de uma queda de 2,1% no volume de compras, em comparação com o ano passado. Esta é uma tendência que se mantém há quatro anos, “com redução praticamente constante”, indica a empresa.

A crise financeira levou a uma travagem sem precedentes no consumo das famílias que primeiro cortaram nos bens supérfluos e, depois, nos essenciais. A opção foi comprar menos carne, menos pão, menos leite. Ao mesmo tempo que compram menos produtos, os portugueses também reduziram as visitas aos supermercados. A frequência de compra caiu 2,3% entre Janeiro e Março. Cada vez que se deslocam à loja, os consumidores compram menos 0,8% de produtos face a 2014.

“Se em termos macroeconómicos vemos que os índices de confiança do consumidor estão a melhorar, concluímos que isso não afecta ainda o consumo de bens de grande consumo das famílias portuguesas”, refere a Kantar Worldpanel.

Para atraírem clientes, as maiores cadeias de grande consumo estão a apostar em promoções constantes, estratégia que arrancou de forma mais visível em 2012, quando o Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, fez uma promoção inesperada de 50% em todos os seus produtos (excepto electrodomésticos) no feriado de 1 de Maio. Este ano, não há sinais de mudança, pelo contrário: nos primeiros três meses, 55% de cestas de compras tinha pelo menos um artigo em promoção, o valor mais elevado dos últimos 14 meses. Além disso, o desconto médio atingiu os 31,4%, percentagem recorde.

Segundo a Kantar, o mercado perdeu 5% do valor (excluindo produtos frescos) só à conta das promoções e não está a ser compensado pelo aumento do volume de compras. O ano passado as promoções permitiram em média uma poupança total de 76 euros por lar.<_o3a_p>

Em 2014, os descontos também contribuíram para uma queda de preços generalizada nos produtos alimentares, sobretudo, frutas e legumes. A inflação foi negativa (-0,38%), redução mais acentuada do que a do índice geral de preços no consumidor (-0,36%), indicador este que é calculado pelo Instituto Nacional de Estatística com base nos gastos dos portugueses com bens e serviços (incluí, por exemplo, despesas com a habitação, saúde, educação ou vestuário).

Já nos primeiros meses de 2015, o índice de preços dos produtos alimentares recuperou, tendo registado valores negativos apenas em Fevereiro (-0,05%). Em Março, a inflação foi de 0,48%, acima do índice global (0,31%).

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