Nokia e Alcatel-Lucent chegam a acordo para fundir negócio

Novo grupo vai chamar-se Nokia Corporation, será baseado na Finlândia e gerido pela actual equipa da multinacional finlandesa.

Foto
Nokia vai fundir-se com a Alcatel Lehtikuva/Martti Kainulainen/AFP

As negociações entre a Nokia e a Alcatel-Lucente chegaram a bom porto e, nesta quarta-feira, as empresas anunciaram a intenção de se fundirem e criarem uma companhia “líder na inovação de tecnologia e de serviços da próxima geração”. A transacção, que terá de ter luz verde dos reguladores, deverá ser formalizada na primeira metade de 2016.

No comunicado divulgado no site da Nokia lê-se que as duas multinacionais assinaram um “memorando de entendimento, segundo o qual a Nokia fará uma oferta pela totalidade das acções emitidas pela Alcatel numa oferta pública de aquisição em França e nos Estados Unidos”. O concorrente francês da empresa finlandesa é avaliado em 15,6 mil milhões de euros.

O novo grupo irá disputar o mercado com a Ericsson e será detido em 66,5% pelos actuais accionistas da Nokia e em 33,5% pelos da Alcatel Lucent. Vai chamar-se Nokia Corporation, com sede na Finlândia e “ forte presença em França”. Será gerido pela actual equipa de gestão da Nokia (Risto Siilasmaa como chairman e Rajeev Suri mantém-se na presidência executiva). O conselho de administração será composto por nove ou dez elementos, três da Alcatel, sendo que um ocupará o cargo de vice-chairman.

Assumindo a data de concretização da operação, juntas as duas empresas terão sinergias de custos operacionais na ordem dos 900 milhões de euros em 2019 e tencionam poupar 200 milhões de euros no ano de 2017. Tendo em contas os últimos resultados financeiros, de 2014, as estimativas de vendas líquidas conjuntas rondam os 25,9 mil milhões de euros, acima dos 24,4 mil milhões que a Ericsson, concorrente mais directa, reportou o ano passado. Quanto aos lucros, atingem os 2,3 mil milhões. O investimento em investigação e desenvolvimento rondará os 4,7 mil milhões de euros.

“Temos uma complementaridade de tecnologias enorme e um portefólio necessário para implementar a Internet das Coisas [cenário em que todos os equipamentos estão ligados à Internet, podem ser controlados à distância, comunicam entre si e são dotados de alguma inteligência artificial] e a transição para a cloud . Teremos uma forte presença em todo o mundo, incluindo posições de liderança nos Estados Unidos e China”, disse Rajeev Suri, presidente executivo da Nokia, no comunicado oficial. “Acredito que este é o acordo certo, com a lógica certa e no momento certo”, sublinhou.

Por seu lado, Michel Combes, presidente executivo da Alcatel-Lucent, acredita que a operação é uma “oportunidade única de criar um líder europeu e global de ultra banda larga, IP, rede e aplicações na cloud. A união da Nokia e da Alcatel Lucent vai acelerar a nossa visão estratégica, dando-nos a força financeira e a escala crítica que precisamos para alcançar a nossa transformação, investir e desenvolver a próxima geração de tecnologia de redes”, disse, sublinhado estar “orgulhoso” com o negócio.

A Alcatel Lucent é uma empresa de infra-estruturas de rede e telecomunicações sedeada em França e, tal como a Nokia, já não está no negócio dos telemóveis. É dona dos icónicos Bell Labs, centro de investigação nos Estados Unidos por onde passaram vários cientistas distinguidos com o prémio Nobel.

Juntas, a Nokia e a Alcatel vão empregar mais de 100 mil pessoas e o governo francês já admitiu estar atento às possíveis consequências para o emprego e para as duas fábricas da Alcatel em França.

A Nokia já teve uma parceria com a Siemens no mercado das infra-estruturas de rede e a Nokia Siemens Networks tornou-se numa subsidiária detida pela multinacional finlandesa.

Sugerir correcção
Comentar