Wilders discursa em manifestação anti-islão em Dresden

Populista holandês convidado do movimento Pegida, que está em declínio na Alemanha.

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O movimento anti-islão Pegida tentou voltar a ganhar popularidade convidando o holandês Geert Wilders Fabrizio Bensch/Reuters

O político holandês Geert Wilders, conhecido pela sua veia anti-islão, esteve em Dresden, Leste da Alemanha, a convite dos organizadores do movimento Pegida – acrónimo de Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente –para discursar numa manifestação.

“Vocês são heróis”, disse Wilders aos simpatizantes do Pegida, “orgulhosos patriotas alemães”, segundo o jornal Sächsische Zeitung, que seguiu o acontecimento a par e passo na sua edição online. A multidão gritava “nós somos o povo” e “Merkel tem de ir embora”, slogans habituais nas manifestações contra imigrantes do Pegida, que depois de um sucesso inicial no final do ano passado, viu o número de participantes nas suas “marchas de segunda-feira” baixar.

Wilders falou do ataque à universidade do Quénia e contra o Charlie Hebdo em França para aconselhar os presentes: “Dêem o alarme e avisem os vossos vizinhos e amigos para o perigo da islamização”.

Segundo as contas dos meios de comunicações alemães, o número de presentes estava longe dos 30 mil esperados pela organização do movimento – foram cerca de 10 mil, segundo o Frankfurter Allgemeine Zeitung. Num comentário, o jornal diz que a ida de Wilders não deverá mudar a queda do movimento, num texto com o título: Wilders fala a um cadáver político.

Enquanto isso, uma contramanifestação tinha bloqueado estradas no acesso a Dresden, tentando impedir a ida de Wilders à cidade, embora sem sucesso. Os contramanifestantes (cerca de 2500, segundo a polícia) foram depois restritos pela polícia, mas não deixaram de cantar slogans como “imigrantes são bem-vindos aqui”.

O Governo alemão diz que a questão da concessão de asilo está a ser instrumentalizada pela extrema-direita e movimentos como o Pegida, num momento em que se registaram vários ataques a novos centros para refugiados. 

Um dos exemplos mediáticos foi o de um ataque incendiário a um centro para refugiados em Tröglitz, onde pouco antes um responsável local se demitiu após ter recebido ameaças de neonazis.

O Ministério do Interior registou no ano passado 170 crimes com motivações políticas em que o alvo ou o local do crime tinham sido centros de refugiados. A maioria destes ocorreram entre Outubro e Dezembro, o período de crescimento das manifestações do Pegida em Dresden; noutras cidades alemãs, as contra-manifestações foram sempre maiores

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