Ébola detectado em menos de 12 minutos

Um ensaio na Guiné-Conacri em 100 indivíduos mostrou que o teste dá o mesmo resultado do que o diagnóstico tradicional.

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O teste que tem sido usado para diagnosticar o ébola dá resultados uma hora depois Dominique Faget/AFP

Uma equipa de investigadores japoneses da Universidade de Nagasáqui e do grupo Toshiba anuncia a criação de um sistema de diagnóstico do vírus do ébola que dá resultados em menos de 12 minutos.

Os investigadores testaram o sistema na Guiné-Conacri, em ensaios feitos com amostras de 100 pessoas entre 17 e 24 de Março. Estas amostras foram submetidas, por um lado, ao novo dispositivo desenvolvido pelo investigador Jiro Yasuda, e, por outro, ao método que tem sido usado de engenharia genética – a transcriptase reversa seguida por uma reacção em cadeia da polimerase – para o diagnóstico da doença.

Em todos os casos, os resultados do método que tem sido usado e do novo método foram idênticos – as amostras de 47 pessoas deram positivo para o vírus do ébola, enquanto as amostras de 53 pessoas deram negativo.

Para os casos positivos, usando o método mais tradicional de diagnóstico, é necessário esperar, em média, uma hora. Mas com o novo método, o resultado foi obtido em apenas 11 minutos e 12 segundos. Os investigadores japoneses afirmam que o seu procedimento não só é eficaz num tempo muito curto, como é menos caro do que o sistema actualmente utilizado.

O método amplifica apenas os genes específicos do vírus do ébola, se este estiver presente. O ARN, o material genético deste vírus, começa por ser extraído das partículas virais que estiverem presentes numa amostra de sangue, depois de serem desactivadas.

Depois, a partir da sequência de ARN é criada a sequência respectiva de ADN. Este é misturado com um substrato, num tubo de ensaio, para se amplificar os genes do ébola. De seguida, o tubo é aquecido entre os 60 e 65 graus Celsius. Inicialmente, se houver ébola, a molécula de ADN criada a partir da molécula de ARN do vírus vai ser amplificada em poucos minutos e, nesse caso, o líquido torna-se turvo, confirmando visualmente que o doente que deu a amostra está infectado.

“Houve uma falha de electricidade durante os testes, mas como o sistema criado por Jiro Yasuda funciona também com uma bateria, o incidente não teve impacto nas operações”, disse a equipa, assinalando que o pequeno aparelho está adaptado às condições precárias das regiões afectadas pela epidemia, na África Ocidental.

A empresa Toshiba e a Universidade de Nagasáqui disseram que o Governo da Guiné-Conacri está muito interessado nesta técnica, e que a sua utilização trará uma importante contribuição para a luta contra o vírus.

Há muitos testes rápidos para a despistagem do ébola que estão a ser desenvolvidos em vários países, principalmente nos Estados Unidos. Em França, o Comissariado da Energia Atómica e Energias Alternativas concebeu um diagnóstico eficaz em menos de 15 minutos.

O ébola é transmitido pelo contacto de fluídos corporais que tenham o vírus. A doença já matou 10.500 pessoas no último ano, principalmente na Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa. Ao todo, a epidemia já infectou 25.000 pessoas.

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