Macedo diz que foi o anterior Governo que fechou a maior parte dos SAP

Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que os centros de saúde com serviços de atendimento permanente passaram de 276 para 94 em dez anos.

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A maior parte das pessoas infectadas com Hepatite E recupera sem tratamento Publico/Arquivo

No período de dez anos, os centros de saúde com os serviços de atendimento permanente (SAP) passaram de 276 para 94. No entanto, o ministro da Saúde, numa reacção aos números, contrapôs que em 170 casos o encerramento foi ainda feito pelo anterior Governo, entre 2007 e 2011. Aliás, segundo Paulo Macedo, o actual executivo contribuiu para contrariar parte desta queda ao abrir alguns serviços de urgência básica nos centros de saúde – uma alternativa aprovada em 2008.

O ministro da Saúde, que falava aos jornalistas à margem do Dia Mundial da Saúde, comentava os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde para assinalar este dia e relativos ao período de 2002 a 2013. Em concreto sobre o facto de os centros de saúde com atendimento permanente terem caído de 70% para 24% em dez anos, Paulo Macedo sublinhou que em 170 casos os SAP “foram cortados antes deste Governo”.

“O Governo anterior procedeu nesse sentido porque achou que com um médico ou dois não tinha sentido estar a prestar serviço no atendimento permanente, nós não questionamos esse facto”, salvaguardou Macedo. De acordo com os dados noticiados pelo PÚBLICO, em 2002 existiam 391 centros de saúde e 276 ofereciam um serviço de atendimento permanente. Em 2012 estavam registados 387 e só 94 tinham o chamado SAP ou um serviço de urgência básica, entretanto criado em 2008. Paulo Macedo considera até que é devido aos serviços de urgência básica que este Governo abriu que os números não são mais reduzidos e destacou que estas urgências são “mais robustas” do que eram os SAP.

Antes, Paulo Macedo começou por criticar as notícias que dão atenção à quebra no número de camas nos hospitais públicos na última década e ao crescimento de urgências e consultas na mão dos privados, para salientar que “numa época de estagnação económica” o Serviço Nacional de Saúde conseguiu bons indicadores em várias áreas. Como dois principais exemplos deu a redução da mortalidade infantil na ordem de 50% e da mortalidade neonatal, na casa dos 60%.

Macedo destacou também o aumento do número de cirurgias, de médicos e de enfermeiros e considerou uma “tolice” a comparação específica entre as urgências no sector público e as no privado. Estas últimas duplicaram de 460 mil para 900 mil no período de dez anos, representando agora 12,4% do total. Mas o governante salientou que “é uma tolice comparar as urgências nos hospitais polivalentes com o atendimento permanente que existe nos hospitais privados”. Para o ministro, em Portugal há espaço para ambos os sistemas, mas considera que “temos um Serviço Nacional de Saúde muito mais diferenciado e tecnologicamente evoluído”.

Aposta na telemedicina

No campo das evoluções tecnológicas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, Paulo Macedo concretizou que a tutela quer apostar mais na telemedicina. “Nos nossos hospitais, para além de uma falta muito significativa de anestesistas (…) temos também um problema com radiologistas”, explicou Macedo, considerando por isso que “a telemedicina é cada vez mais um recurso que há que optimizar”. O ministro deu como exemplo o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com 1500 médicos, poder colaborar com o Hospital da Guarda.

Porém, Macedo não avançou com datas ou ideias mais concretas e explicou que estão a trabalhar na plataforma que guarda estes exames para tornar possíveis novas abordagens. “Estamos a apostar no desenvolvimento da área da imagem num outro vector, que é passarmos a ter na plataforma de dados de saúde as imagens dos nossos exames em tempo permanente e não só apenas no hospital onde a pessoa o fez”, adiantou.

As declarações de Paulo Macedo surgem depois de o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde ter avançado no âmbito do Fórum Inovação em Saúde, que começou nesta terça-feira, que a tutela quer uma aposta mais forte na telemedicina. Segundo Henrique Martins, estas tecnologias permitem uma poupança para o Estado mas também podem facilitar a vida dos doentes, evitando deslocações desnecessárias.

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