Aos 21 anos, Frederico criou uma agência de modelos diferente

A Sonder People procura pessoas reais “interessantes e com brilho” para trabalharem em publicidade. Em seis meses, Frederico Canto e Castro já tem 700 agenciados.

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Miguel Manso

Quando uma marca decide fazer um anúncio publicitário, as produtoras de filmes e de “castings” começam a procurar as pessoas ideais: jovens, famílias, pessoas com talentos nas artes ou no desporto, nacionais de países específicos. É aqui que Frederico Canto e Castro entra: a agência que criou em Setembro de 2014 é especialista em nichos, em “real people” (algo como pessoas reais), cada vez mais requisitados pelo mercado publicitário que já não procura, apenas, os modelos tradicionais.

A Sonder People — uma espécie de “agência de modelos moderna”, como a descreve Frederico — quer centrar-se na diversidade. São as pessoas que não cabem nos padrões das agências de modelos tradicionais que o jovem de 21 anos quer agenciar. “O scouting [captação] é a chave do nosso sucesso, a base para tudo e onde nos vamos diferenciar”, começa por explicar Frederico ao P3. “Enquanto os outros têm tudo no mesmo registo, nós tentamos ter todos os registos possíveis para os clientes. Eles gostam disso.”

As tais “pessoas reais” de que Frederico fala devem “ter um brilho, uma subtileza”. No fundo, o ideal é tenham algum aspecto que as diferencie, que nos faça reparar nelas na rua. “Estou a tentar transformar isto numa marca cool com a qual toda a gente se identifique. Porque toda a gente quer ser diferente, interessante”, explica. E a prova de que o mercado está a apostar em “real people” reflecte-se no facto de a Sonder ter tido mais procura do que capacidade de resposta. “Quero alocar os meus recursos no que é mais escasso e que nenhuma agência tem: as etnias, as pessoas mais velhas, as que têm talentos nas artes e no desporto. Sei que é aí que vou ganhar, nos nichos.”

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(…) tentamos ter todos os registos possíveis [de pessoas reais] para os clientes, diz Frederico

A taxa de aprovação das pessoas que se inscrevem na base de dados “ronda os 5 a 6%” e o valor médio por anúncio é de 600 euros. “Há pessoas que recebem mais ou menos, depende do protagonismo do anúncio, se é para o mercado interno ou externo”, diz. “Isto também é bom pelo pocket money, pela possibilidade de se ganhar dinheiro em part time”, aponta. Em seis meses de actividade, a Sonder People já trabalhou com países como China, Estados Unidos, Japão, Noruega, Polónia, Angola ou Canadá. “Fazemos quase mais anúncios lá para fora do que para Portugal”, continua Frederico, que vê os preços baixos e o clima e a luz como factores determinantes.

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As agências andam a passo, eu tenho que estar a correr, brinca Frederico Miguel Manso

Recentemente, uma marca de refrigerantes procurava árabes e travestis para um anúncio de grandes dimensões. A Sonder People foi “a única agência portuguesa a ter [essas pessoas] em carteira”, garante Frederico. Entre os cerca de 700 agenciados que “fazem parte da família”, muitos são resultado de captação de rua, através da acção de colaboradores. Mas há também os procuram a agência directamente.

Frederico — que deixou a licenciatura em Gestão da Universidade Nova de Lisboa a meio para se dedicar à empresa — é “um insatisfeito por natureza”. Há poucas semanas mudou a Sonder “de um espaço de 14 metros quadrados para o Lx Factory”, onde emprega agora 12 pessoas (entre funcionários a tempo inteiro e part time). “Já tinha recuperado todo o dinheiro investido inicialmente e agora investi tudo outra vez porque quis aumentar o pessoal e o espaço, para agenciar mais gente e trazer mais retorno”, revela o também jogador de futebol de praia que é o mais novo na empresa que gere. “As agências andam a passo” — brinca — “eu tenho que estar a correr.”

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