O Irão tem de estar sempre a pelo menos um ano de distância da bomba

Deixar algumas centrífugadoras, mas retirar do país quase todo o combustível nuclear. O acordo procura manter as ambições iranianas num intervalo de segurança.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros, iraniano, Javad Zarif, com a alta representante para a política externa da UE, Federica Mogherini Brendan Smialowski/REUTERS

Um dos pontos principais do acordo foi estender o tempo considerado mínimo para que o Irão conseguisse produzir urânio altamente enriquecido para fazer uma arma nuclear: passa de dois a três meses para um ano. Mas, para que isso acontecesse, o Irão concordou em cortar drasticamente os seus stocks de combustível nuclear: das actuais oito toneladas para cerca de 270 quilos. É uma enorme concessão: Teerão concordou em ceder 97% do seu urânio.

No entanto, só para perceber a dificuldade do que está em causa nestas negociações, ainda não se conseguiu chegar a acordo sobre como o Irão deverá desfazer-se – ou a quem entregará – esta enorme quantidade de combustível nuclear, que vale também muito dinheiro. Estes pormenores de resolução complexa terão de ser resolvidos até 30 de Junho, a data limite para ter um texto final e definitivo para assinar por todas as partes.

Além de ceder o seu urânio enriquecido, o Irão concordou em reduzir o número de centrifugadoras em actividade, de 19 mil para apenas 6104, e concordou em fazê-lo apenas num local, Natanz, onde existem apenas centrifugadoras de primeira geração, mais ineficientes.

Estas máquinas permitem separar os átomos de urânio 238 (a forma mais abundante deste elemento, mas que não serve para fazer bombas nucleares), que são mais pesados, dos de urânio 235 (são apenas 0,7 % da massa do urânio natural, e permitem fazer bombas ou alimentar centrais nucleares). Ao gás cada vez mais puro de urânio 235 chama-se urânio enriquecido.  

Durante 15 anos, o Irão deverá suspender as actividades de enriquecimento de urânio em Fordow, um centro de investigação que fica sob uma montanha, perto da cidade santa de Qom. Tem preocupado muito os EUA porque, por ser subterrâneo, pode ser imune a bombardeamentos aéreos. Mas poderá passar a ser apenas um centro de investigação científica sobre física, ou usado para produzir elementos radioactivos para usar em medicina, diz o Washington Post.

Estas 6000 centrífugadoras são bastante mais do que a Administração Obama pensava inicialmente aceitar que o Irão mantivesse, diz o New York Times. Apontava-se para apenas umas centenas. Mas o corte drástico no stock de combustível nuclear aceite pelo Irão, e o facto de estas máquinas serem das mais antigas e ineficientes terá compensado.

Até porque o Irão comprometeu-se a reconfigurar a central de Arak para que ali apenas seja produzido plutónio de baixa energia, e a enviar para tratamento no estrangeiro o lixo nuclear. É menos uma via aberta para a construção de armas. De resto, Teerão compromete-se a deixar entrar os técnicos da Agência Internacional de Energia Atómica para fazer inspecções sempre que solicitado. 

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