Uma rua para abrir o Bairro Novo da Pasteleira e torná-lo mais seguro

Nova via de atravessamento custa mais de 667 mil euros e deverá estar pronta no final de Outubro.

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Rui Moreira nem teve tempo de se aproximar do mapa em que estava desenhado o traçado da nova travessia que a câmara vai construir, ligando a Rua de Bartolomeu Velho e a de D. João de Mascarenhas. Mal viram por ali o presidente da Câmara do Porto, dois moradores do Bairro Novo da Pasteleira roubaram-lhe a atenção durante largos minutos. À vez, um homem e uma mulher, desfiaram o que puderam. “Aqui vai ser o fim do mundo. Eles rebentam com tudo.” “Estou farto de ligar para a polícia, dizem que vêm, mas não vêm nada.” “Isto é uma miséria, senhor presidente, e há quinze anos era tão sossegadinho.” “Pago um dinheirão para estar numa casa destas e não tenho sossego.”

O presidente da câmara admitiu aos moradores que sabe exactamente o que se passa ali, por causa do tráfico de droga, e mais tarde acabaria por dizer aos jornalistas que o bairro, juntamente com o Bairro de Pinheiro Torres, ao lado, “é um dos sítios piores do Porto”. Contudo, argumentou, essa é uma das situações que a nova via pretende combater. “É por causa desta situação que era absolutamente indispensável abrir aqui uma rua. Vamos limpar esta zona, conhecida com o nome particularmente desagradável de Viela dos Mortos e onde se passam coisas que não queremos. Queremos, sim, permeabilizar todas as zonas onde há bairros sociais, para que as pessoas que lá vivem tenham a sua vida mais humanizada”, disse o autarca.

A nova rua, com a extensão de cerca de 450 metros, vai passar entre os bairros Novo da Pasteleira e Pinheiro Torres, ligando as ruas de Bartolomeu Velho e de D. João de Mascarenhas. Uma forma de dar mais vida ao que é hoje uma “terra de ninguém”, como descreveu Rui Moreira. A solução permitirá também “descongestionar um pouco a Rua de Diogo Botelho”, sustentou a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel. A abertura da nova rua, admitiu a vereadora, poderá, no futuro, alterar também o perfil da Diogo Botelho, que poderá ser “mais fluida e com mais preponderância para os transportes públicos”.

A construção da via será acompanhada do tratamento paisagístico da zona, com a plantação de novas árvores (e a remoção de algumas que hoje existem) e a substituição da iluminação pública, bem como pela revitalização do troço da Rua de D. João de Mascarenhas, entre as ruas de Diogo Botelho e da Pasteleira, que passará a ter dois sentidos e novos semáforos.

A obra, orçada em 667 mil euros (mais IVA), tem a duração prevista de 210 dias, prevendo-se que esteja concluída em Outubro deste ano. Por essa altura, Rui Moreira gostaria de ter também reabilitado o ringue do Bairro de Pinheiro Torres. Quanto ao problema de tráfico que o autarca disse conhecer e que os moradores não se cansaram de denunciar, Moreira garantiu que a câmara está “em contacto permanente com a PSP”. 

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