Portugal precisa de 500 mil novos postos de trabalho, diz Costa

Numa sessão que contou com depoimentos por videoconferência de portugueses emigrados pelo mundo, o líder socialista distinguiu a "enorme diferença entre a liberdade de circular e a necessidade de emigrar".

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António Costa Miguel Manso

O secretário-geral do PS defendeu hoje medidas europeias de combate à migração em massa da periferia para o centro, citando notícias recentes sobre a necessidade alemã de trabalhadores estrangeiros, e a manutenção em Portugal dos jovens qualificados.

"Quando a Alemanha diz que precisa de 500 mil novos imigrantes, nós também podemos dizer que precisamos de 500 mil novos postos de trabalho. A circulação da mão-de-obra tem de ser acompanhada também da criação de postos de trabalho e emprego. Se não, a União Europeia (UE) não se reforça e será cada vez mais frágil", afirmou António Costa.

O líder socialista, numa sessão que contou com depoimentos por videoconferência de portugueses emigrados pelo mundo, organizada pela Juventude Socialista (JS) na Cidade Universitária de Lisboa, sob o lema "Portugal tem futuro", distinguiu a "enorme diferença entre a liberdade de circular e a necessidade de emigrar".

"De facto, as uniões monetárias não aproximam as economias, acentuam as assimetrias. Os equilíbrios que se estabelecem podem resultar por solidariedade orçamental, de que, infelizmente, a UE não dispõe, ou resultam de outro factor - a circulação do trabalho. Esse é o grande processo de ajustamento que está a acontecer na zona euro, que é uma emigração massiva das economias do sul em direcção às poucas economias que estão a beneficiar activamente com o funcionamento da moeda única", acrescentou.

Recuar até 1966
Costa sublinhou que é preciso "regressar a 1966, há quase 50 anos", para encontrar "um número de emigrantes igual" ao de 2013, assinalando tratar-se de "um enorme desafio do ponto de vista económico, mas um terrível desafio demográfico, pois, "nos últimos quatro anos, 9% da população abaixo dos 30 anos e 13% da população entre os 20 e 29 anos" saiu de Portugal.

"Ao contrário do que o primeiro-ministro disse, os jovens mais qualificados não devem partir por não terem futuro em Portugal. É precisamente pensar ao contrário. São necessários a Portugal porque são mesmo a condição de futuro para Portugal. Ao contrário do que disse Merkel (chanceler alemã), não temos licenciados a menos, temos é empregos qualificados a menos para os licenciados que ainda temos a menos e ainda temos de aumentar", insistiu.

A sessão, com a presença, entre outros, da eurodeputada do PS Maria João Rodrigues, ministra da Qualificação e Emprego do primeiro Governo dirigido pelo ex-secretário-geral do PS António Guterres, serviu ainda para Costa reiterar a falta de um "grande programa público de reabilitação urbana e uma política de habitação que assegure rendas acessíveis".

Por seu turno, o líder da JS, João Torres, criticou a maioria PSD/CDS-PP por ter "chumbado" a co-adopção por casais do mesmo sexo, além de ter ignorado outras "bandeiras" do movimento jovem socialista como a "regulação da prostituição e a liberalização das drogas leves".

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