Tate reconsidera devolução de um Constable alegadamente roubado por nazis

Instituição britânica diz ter novas informações sobre o caso. Parado o processo de devolução do óleo de 1824.

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Pintura de John Constable está na Tate desde 1986 DR

Há um ano um comité de especialistas nomeado pelo Governo britânico concluiu que a Tate Britain tinha a “obrigação moral” de devolver à Hungria o óleo Beaching a Boat de John Constable que, ao que tudo indica, foi roubado pelos nazis a um coleccionador húngaro durante a Segunda Guerra Mundial. Prestes a seguir a recomendação, a mais importante instituição britânica emite agora um comunicado a alegar a existência de “novas informações”. O processo de devolução fica, para já, suspenso, e a obra mantém-se na colecção do museu.

Não se sabe que informações são estas mas ao The Art Newspaper um porta-voz da Tate Britain disse que os dados que agora chegaram sobre a paisagem marítima que Constable pintou em 1824 podem inverter a história. A mesma fonte disse ao jornal especializado que depois de a Tate ter avaliado as recentes informações, foi já pedido ao comité de especialistas, que há um ano concluiu que a obra tinha sido roubada pelos nazis e por isso a Tate devia devolvê-la, para voltar a analisar o caso.

“Neste ponto, não há mais comentários a fazer”, concluiu a mesma fonte, explicando apenas que a administração da Tate decidiu adiar o processo de devolução da obra.

Beaching a Boat foi doado à Tate em 1986 por P.M. Rainsford, que havia comprado o óleo anos antes, em 1962, agindo de boa-fé e desconhecendo que este pudesse ter sido saqueado pelos nazis durante o conflito mundial.

O nome do proprietário original não foi revelado mas o relatório do comité descrevia-o como “um artista húngaro muito conhecido”, também coleccionador de arte. O The Art Newspaper diz ser Ferenc Hatvany o homem em questão e que morreu em 1958. Os seus herdeiros há muito que procuravam esta obra mas só há poucos anos descobriram que esta se encontrava na Tate. Apresentaram uma queixa formal ao Governo britânico que só teve andamento em 2013 e uma conclusão no ano passado.

De acordo com o The Art Newspaper, a obra nunca foi devolvida ao longo destes meses porque as novas informações chegaram logo a seguir à decisão do comité, apesar de só agora se tornar pública a situação.

A Tate espera agora uma última recomendação para então encerrar o caso. 

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