Memória da pesca do bacalhau partilhada em rede

Base de dados que reúne informações sobre mais de 20 mil pescadores e mais de um milhar de navios vai dar lugar a um portal. Projecto do CIEMar-Ílhavo é apresentado este sábado.

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O Museu Marítimo de Ílhavo guarda mais de 20 mil fichas dos portugueses que foram à pesca do bacalhau no Estado Novo DR
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O Museu Marítimo de Ílhavo guarda mais de 20 mil fichas dos portugueses que foram à pesca do bacalhau no Estado Novo DR
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O Museu Marítimo de Ílhavo guarda mais de 20 mil fichas dos portugueses que foram à pesca do bacalhau no Estado Novo DR

Os registos dos pescadores e navios portugueses que andaram na pesca do bacalhau vão passar a integrar um portal que estará aberto à apresentação de contributos por parte dos seus utilizadores.

A aposta é assumida pelo CIEMar (Centro de Investigação e Empreendedorismo) e parte da base de dados já existente nesta subunidade de investigação do Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) – que engloba mais de 20 mil nomes e registos de portugueses que andaram na pesca do bacalhau entre 1935 e 1974 e cerca de um milhar de referências a navios que, entre 1834 e 2005, andaram na mesma faina. O projecto digital, que recebe a designação de “Homens e Navios do Bacalhau”, irá ser dado a conhecer ao público neste sábado, por ocasião da comemoração do terceiro aniversário do CIEMar.  

“A ideia passa por mobilizar as comunidades portuguesas e, muito particularmente, as segundas e terceiras gerações [daqueles que estiveram ligados à pesca do bacalhau] a apresentarem os seus contributos para este memorial”, desvendou ao PÚBLICO Álvaro Garrido, consultor do MMI. Em termos práticos, a partir da activação do portal qualquer descendente e elemento próximo de um antigo pescador “poderá, ele próprio, depositar informação no portal, adicionar conteúdo, fotografias ou filmes”, acrescentou. “Um filho de um antigo pescador pode, por exemplo, corrigir um dado e informar que o seu pai andou embarcado em mais navios do que aqueles que estão referenciados na base de dados”, exemplificou Álvaro Garrido.  

O portal só ficará disponível em Março de 2016, uma vez que houve necessidade de “actualizar e corrigir a base de dados” já existente. Essa primeira etapa fica, agora, concluída, seguindo-se, até Novembro, “o cruzamento de dados e procura de mais informação para construir esta memória”, revelou o consultor do MMI, a propósito do projecto que conta com o apoio da Fundação António Pascoal.

Oito projectos
Em tempo de aniversário do CIEMar, o projecto “Homens e Navios do Bacalhau” centra as atenções, mas a verdade é que, na sua curta existência, este centro de investigação já “desenvolveu um total de oito projectos de investigação”, vinca Álvaro Garrido.

Em jeito de balanço destes primeiros anos de actividade, e mais do que os números, o consultor do MMI faz questão de destacar as ligações e parcerias estabelecidas. “Uma das notas mais positivas foi a construção de redes com instituições com as quais o MMI ainda não tinha uma ligação tão articulada”, sublinhou aquele responsável.

Outra das componentes do CIEMar passa, segundo fez questão de frisar Álvaro Garrido, pelo “apoio ao empreendedorismo”. O centro, que está instalado num edifício contíguo ao museu, reserva parte do seu espaço para a incubação de empresas, dando, como seria de esperar, primazia às ideias de negócio relacionadas com a economia do mar.

Para assinalar o terceiro aniversário, o CIEMar preparou um programa que não se fica pela apresentação do projecto “Homens e Navios do Bacalhau”, marcada para as 17h00.

A apresentação do livro “Mar”, de Afonso Cruz, pelas 17h45, bem como a exibição e debate do documentário “Meu Pescador, Meu Velho”, de Amaya Sumpsi Langreo (vencedora do Prémio Octávio Lixa Filgueiras 2014), pelas 18h30, também integram o programa. Outra das acções anunciadas passa por um showroom de empresas instaladas na incubadora de empresas e degustação de produtos do mar, a partir das 15h00. 

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