Começou a contagem decrescente para a abertura do Museu dos Coches

Será a 23 de Maio, com festa prometida, que será inaugurado o novo Museu Nacional dos Coches. Com um orçamento anual de 3,3 milhões de euros para funcionamento.

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O Landau do Regicídio, de 1900 Enric Vives-Rubio
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A família real seguia nesta viatura quando foi o atentado Enric Vives-Rubio
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A viatura vai fazer um percurso de poucos metros de camião Enric Vives-Rubio
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Enric Vives-Rubio

Foi preciso a força de cinco homens, em vez de dois cavalos, para puxar o Landau do Regicídio até ao camião que transportou nesta segunda-feira esta viatura histórica do velho Museu dos Coches para o novo Museu dos Coches, que ficam à distância de apenas 200 metros um do outro, na zona de Belém, em Lisboa.

A passagem atrapalhou um pouco o trânsito em Belém e era isso que se queria, uma vez que, a dois meses da abertura do Museu Nacional dos Coches, começou a contagem decrescente para a grande festa de inauguração que se pretende fazer a 23 de Maio, dia em que o museu faz 110 anos.

Faltam dois meses e ainda falta definir (ou anunciar) muita coisa num museu que custou 39 milhões de euros e viu o seu novo edifício terminado já em 2012 com um projecto do arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha com colaboração de Ricardo Bak Gordon. Falta saber o modelo de gestão, que, segundo Nuno Vassallo e Silva, o director-geral do Património Cultural que tutela os Coches e estava a receber os jornalistas em Belém, “será anunciado quando fizermos a abertura do museu”. E falta transportar o resto dos coches da colecção e alguns, com a sua decoração em talha dourada, são capazes de dar outras tantas oportunidades para recolher imagens ainda mais espectaculares. Pelos menos, são esses os planos da Direcção-Geral do Património.

A operação de transferência do landau começou por volta das onze da manhã. “Não embalem já para as imagens”, dizia a assessora da direcção-geral, a gerir o horário de chegada das estações de televisão que tinham directos prometidos. Dois funcionários da empresa especializada no transporte de obras de arte desenrolavam metros de um rolo de papel protector quase com a altura de um homem. O Landau do Regicídio é o primeiro a sair do Museu dos Coches porque literalmente é o que está mais perto da porta. No átrio do velho Museu dos Coches, que hoje está fechado, esta viatura de passeio feita em Lisboa em 1900 conta a história do atentado que matou o rei D. Carlos I e o herdeiro do trono, o príncipe D. Luís Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908.

Apesar de estar anunciado que se tratava do primeiro coche a sair para o novo edifício, a verdade é que nem o landau é um coche, nem se trata da primeira viatura a fazer a passagem para a nova casa. Houve uma transferência de algumas viaturas em Janeiro de 2014 e as 7000 peças das reservas também já estão do outro lado da Praça Afonso de Albuquerque. O que é novidade agora é a transferência contínua da colecção e ao landau ter-se-ão seguido uma berlinda, dois carrinhos de passeio para um cavalo e algumas cadeirinhas.

“Hoje marca-se o início da passagem dos coches que estão aqui no antigo museu para o novo edifício que vamos inaugurar a 23 de Maio. É o início de um processo que se vai desenrolar em várias fases”, explicou Nuno Vassallo e Silva. Vão ser movimentadas 70 viaturas, algumas virão do núcleo de Vila Viçosa, daquela que é “talvez uma das melhores colecções da Europa”. A transferência vai terminar no início de Maio e serão feitos vários carregamentos. O museu encerrará brevemente antes da inauguração, mas o antigo edifício, que foi inaugurado há 110 anos pela rainha D. Amélia, continuará a ser “parte integrante do Museu Nacional dos Coches”.

O novo museu terá um orçamento de funcionamento de 3,3 milhões de euros, disse Samuel Rego, subdirector-geral do Património, reconhecendo que isso o torna o mais caro dos museus da direcção-geral em termos de manutenção, mas não em relação aos custos dos recursos humanos. O antigo edifício vai sofrer obras na cobertura por causa de algumas infiltrações. Já o passadiço do novo museu, previsto no projecto mas ainda não construído, deverá avançar só em 2016.

O que também ainda não se sabe é qual será o preço do bilhete do novo Museu Nacional dos Coches. Nuno Vassallo e Silva promete “duas valências” com a nova morada: é um marco da arquitectura em Portugal e o novo edifício vai conseguir realçar a beleza destas viaturas, “que são obras de arte por excelência", com uma apresentação completamente diferente. Quando se puder entrar no novo edifício, o que esta segunda-feira não foi permitido, vamos conseguir circular à volta dos coches.

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